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Por Raimundo Bonfim*
Não há como fazer um balanço de 2018 sem mencionar como um dos fatos marcantes a condenação sem prova do Ex-presidente Lula, o que causou sua prisão em Curitiba desde de 7 de abril.
A condenação e prisão de Lula faz parte do processo do golpe institucional que derrubou a presidenta Dilma, legitimamente eleita, em um intenso processo de perseguição de movimentos sociais e partidos de esquerda, tendo como referência o PT.
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Impediram o Lula de disputar a eleição, porém, as forças políticas de direita, não conseguiram viabilizar sua candidatura. Não restando alternativa, se uniram à ultradireita, numa campanha marcada por falta de debates, mentiras, violência, ódio, preconceito, intolerância e até mesmo assassinatos.
Elegeram Jair Bolsonaro, um capitão reformado do exército, defensor da ditadura militar, da tortura, da eliminação física de opositores que, além de ser misógino, prega abertamente o machismo, o racismo e a homofobia.
Ainda que não tenha tomado posse, com base nos métodos usados na campanha, as forças que o apoiaram e os ministros indicados até o momento, permitem-nos afirmar que será um governo totalmente submisso aos EUA, neoliberal radical, autoritário e com forte viés fascista.
Será um governo que aumentará a desindustrialização, a dependência externa, a financeirização, a precarização do trabalho, a desigualdade social e a pobreza. Reduzirá o papel do Estado como indutor do desenvolvimento e do crescimento econômico, através de um processo de privatização do patrimônio público e dos recursos naturais, especialmente o Pré-Sal, as florestas, os minérios, água e energia.
No campo das políticas sociais e da participação popular, o governo tentará acabar ou enfraquecer políticas de emprego (já extinguiu o Ministério do Trabalho), educação, habitação, saúde, saneamento, programas destinados às mulheres, juventude, população negra, indígenas, comunidades tradicionais, quilombolas, LGBTI, reduzindo drasticamente o orçamento e eliminando os instrumentos de participação institucional, como os conselhos e as conferências.
Para frear a resistência e promover a agenda neoliberal e a retirada de direitos, o governo continuará perseguindo o ex-Presidente Lula, o PT e os demais partidos de esquerda, e não medirá esforços para perseguir, intimidar e criminalizar os movimentos sociais. Nesse sentido, tentará enquadrar a atuação dos movimentos sociais como “terrorista”.
Para enfrentar um governo ultraliberal e autoritário é necessário um trabalho de médio e longo prazo. É preciso repensar e desenvolver novas metodologias de trabalho de base, com objetivo de fortalecer os instrumentos de luta da classe trabalhadora e dos movimentos populares.
Só conseguiremos libertar o ex-presidente Lula, derrotar o governo Bolsonaro e o conservadorismo, se criarmos condições para elevar o patamar de conscientização e politização do povo e envolvê-lo nas lutas, conjugando as reivindicações de caráter econômico: moradia, saúde, emprego, educação, meio ambiente, mobilidade urbana, previdência, emprego e salário, com a luta política pela disputa do poder.
Nesse sentido, é fundamental para a nossa resistência no próximo período que aproveitemos o acúmulo de luta e militância durante o segundo turno das eleições de 2018, que resultou nos 47 milhões de votos na candidatura Haddad e Manuela.
Caminharemos firmes e unidos contra as forças do preconceito, do racismo, da misoginia, da homofobia e da ameaça da violência institucionalizada ou por grupos paramilitares que venham a ser formados no ambiente do próximo governo.
A nossa força está na determinação de lutar e não ficar refém da armadilha do medo, pois ele nos paralisa e impede de raciocinar e agir.
Temos de nos preparar para uma batalha longa, mas é preciso ter coragem para continuar na resistência. Só assim criaremos condições para enfrentar um governo que terá como marca o conservadorismo moral, o fundamentalismo religioso, o neoliberalismo radical e o autoritarismo fascista.
As ameaças explícitas e veladas não irão nos intimidar. Continuaremos nas ruas e nas redes, seguindo na luta, em defesa da democracia, dos direitos, da liberdade de manifestação e expressão do pensamento político e ideológico.
Só há derrota para quem desiste de lutar, e este não é o nosso caso. Por isso, em 2019, assim como fizemos em 2018, nós dos movimentos populares, nos colocamos ao lado do conjunto da classe trabalhadora na defesa das liberdades democráticas, dos direitos sociais, da soberania nacional e por Lula Live, Já.
*Raimundo Bonfim, coordenador nacional da CMP – Central de Movimentos Populares e integrante da FBP (Frente Brasil Popular).
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