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Invariavelmente, nestas últimas colunas de dezembro, acabo fazendo um apanhado dos lançamentos do ano. E com muito menos variações ainda, sempre que o Chico Buarque lança um disco, acaba virando o dele o melhor de todos.
Desta vez, no entanto, tudo será diferente. Apesar do Chico ter lançado o seu lindo “Caravanas ao Vivo”, e ele bem merecer o troféu, o assunto será outro, também envolvendo o compositor. Trata-se de uma participação sua em um belo projeto, que ainda está em gestação, entrando – digamos assim – no seu nono mês, mas que já tem muito o que falar.
O nome da obra é “Canções de Amor Caiçara”, que a dupla de santistas – o músico Marcos Canduta e o escritor Manoel Herzog – resolveu inventar. Uma opereta feita a partir do encontro casual de um casal que se conhece na ponte rodoviária em direção à Baixada Santista. Um local, como insiste o texto de apresentação, que tem vocação para a visita episódica.
[caption id="attachment_146668" align="alignnone" width="279"] Manoel Herzog. Foto: Facebook[/caption]
A partir daí as canções passeiam junto com os dois por locais da região como a Estação do Valongo, Engenho dos Erasmos, Morro do São Bento, Praia do Goes e, é claro, a Vila Belmiro, entre outros. E é exatamente aí que entra em campo o Chico, craque das canções e aficionado por futebol (ou vice e versa, como ele bem gosta).
Chico faz o papel do santista roxo, ele fã incondicional de Pagão, lendário centroavante do alvinegro praiano, enquanto a moça, interpretada pela cantora Viviane Davoglio, fustiga com a frase: “Time do interior quase ninguém repara”. O samba é uma discussão de torcedores onde um argumenta com Robinho, Pita, Mengálvio, Juari e “não vamo nem falar de Pelé”. E ela devolve com “Ademir da Guia? Rivelino, Serginho Chulapa, Zé Sérgio, Raí”.
O álbum deve sair no primeiro semestre do ano que entra e promete. São dois artistas de grande talento. Tanto Canduta, autor de vários discos, compositor e exímio violonista, quanto Herzog, um grande escritor com várias publicações e elogios, entre eles um do próprio Chico, conseguiram fazer com que o nosso compositor maior olhasse serra abaixo e desse esse presentão a eles e à região.
[caption id="attachment_146669" align="alignnone" width="516"] Marcos Canduta. Foto: Facebook[/caption]
Mas o melhor de tudo é que a coisa não ficou só por aí. O cantor e compositor maranhense Zeca Baleiro, este santista roxo de verdade, ao contrário do fluminense Chico, também está no disco. Ele interpreta a linda canção que abre a opereta, “Descendo a Serra”. Nela, o casal se aconchega no ônibus enquanto a chuva fina e a neblina correm na janela. A promessa é que uma hora “a solidão termina, E a gente desce se você quiser, Até o mar a pé, Passear até...”.
Como se não bastasse isto tudo, o cantor e compositor Carlos Careqa também canta em duas das canções da opereta. Careqa é um talento extraordinário, com inúmeros discos gravados, uma longa atuação em publicidade, jingles e também na edição musical.
No fim, é isto. Desta vez terminamos o ano olhando em frente. Com o que vem de bom e promissor e, muito mais do que anunciado, está quase pronto. E quando chegar, comento por aqui.