Sebastião Salgado: “o Brasil ficou louco”

Para o fotógrafo, os generais que participarão do governo Bolsonaro são “velhos generais aposentados, muitos que se identificam com o golpe de Estado de 1964, mas não são as Forças Armadas, são antigos militares”

Foto: Divulgação
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O fotógrafo brasileiro mais famoso do mundo, Sebastião Salgado, disse em entrevista à Rádio França, nesta segunda-feira (5), que “o Brasil ficou louco”, mas já estava dando sinais de insanidade. “Quando Dilma Rousseff, eleita democraticamente, foi destituída, praticamente em um golpe de Estado, e um governo totalmente corrupto foi colocado no lugar, começamos a perder o controle do país”, declarou. Com relação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Salgado disse ainda: “colocamos na prisão aquele que poderia ser eleito diretamente no 1° turno, por corrupção, praticamente sem provas” e que Lula se tornou “praticamente um prisioneiro político”. O fotógrafo também comentou a nomeação de antigos militares para o governo de Jair Bolsonaro (PSL). Segundo ele, as Forças Armadas estiveram neutras no processo eleitoral. Os generais que participarão do governo Bolsonaro, diz, são “velhos generais aposentados, muitos que se identificam com o golpe de Estado de 1964, mas não são as Forças Armadas, são antigos militares”, sublinha. Ele não enxerga a eleição de Bolsonaro como um retorno à ditadura. “Longe disso. O Brasil tem todas as instituições de um país democrata. Tudo o que ele pensa poder fazer no país necessita da aprovação do Congresso, onde ele não tem a maioria, e precisará fazer uma série de concessões. Falar é uma coisa, fazer é outra”, afirma. Questionado sobre o papel dos militares de hoje na proteção do país e contra decisões arbitrárias de Bolsonaro, o fotógrafo respondeu que as Forças Armadas de hoje não são as mesmas de antigamente. “São modernas, como as da França, que participam de missões técnicas e internacionais com a ONU. É diferente. Não são Forças Armadas golpistas de uma República das Bananas. Isso mudou”, disse. Segundo Salgado, as próprias Forças Armadas defendem a Amazônia e criaram a Funai. “As Forças Armadas são a principal instituição presente na Amazônia, e eu conheço um certo número de jovens generais que são contra a abertura da Amazônia”, afirma.