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Nesta quarta-feira (24) o alvo das ameaças diárias de eleitores de Jair Bolsonaro (PSL) foi uma editora de livros. Ivana Jinkings, responsável pela Boitempo, recebeu um telefonema intimidatório de um apoiador do capitão da reserva. De acordo com Ivana, ele fez perguntas sobre as tiragens de algumas obras, afirmou que a editora "logo vai acabar" e sugeriu "comprar uma carabina".
Não é a primeira vez que a editora, conhecida por publicar livros de política e clássicos de esquerda e do marxismo, recebe ataques de direitistas. No final de 2017 a Boitempo recebeu ligações com tom de ameaça e mensagens ofensivas após o anúncio do lançamento de um selo infantil da editora.
Em entrevista à Fórum, Ivana afirmou que as ameaças não a surpreende. "Os fascistas têm se movimentado no país todo para ameaçar intelectuais, artistas, dirigentes e militantes de esquerda, mulheres, negros, homossexuais e transexuais. Há um sentimento de que toda violência está autorizada, a impunidade pra esses crimes de ódio tem sido total. Como a Boitempo se tornou referência em publicações do chamado pensamento crítico, era fatal de que acabaria acontecendo algo assim", constatou.
Para a editora, esse tipo de atitude configura "um ataque muito grave à liberdade de expressão". "Mesmo sabendo que essas ameaças vêm de grupelhos isolados, precisamos estar firmes e fortes para barrar essas e quaisquer outras tentativas obscurantistas de nos intimidar. A literatura será sempre libertária, um polo de diversidade e resistência", pontuou.
Ela, no entanto, não se intimida. Quando denunciou o telefonema intimidatório pelo Facebook, disparou: "Saibam que não recuaremos um milímetro sequer em nossa linha editorial e nossa atuação. Somos resistência!". Na mesma postagem, Ivana anunciou ainda um novo esquema de segurança na sede da empresa.