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Por Paulo Teixeira*
No mundo todo temos assistido a uma crescente influência das redes sociais nos resultados de eleições. Não de uma forma orgânica ou espontânea, mas sim de uma maneira deliberada e com muito dinheiro sujo despejado.
Nas eleições do Trump e do BREXIT também houve questionamentos. Questionamentos posteriores às eleições. E nesses casos, tanto as empresas que administram as redes sociais, quanto as instituições eleitorais desses países, não foram capazes de localizar e comprovar aonde e como aconteceram as fraudes. Apenas, assertivamente, disseram que houve fraude. E as investigações estão em curso.
No caso do Brasil, 2018, a história é diferente. A 10 dias das eleições, no dia 17 de outubro, a grande imprensa publicou a forma e os financiadores de uma ação orquestrada, organizada num conluio entre empresários corruptos e a candidatura do deputado Bolsonaro.
Disparos de WhatsApp (envio de mensagens) em massa foram identificados e denunciados. Disparos esses financiados por meio de dinheiro sujo, ilegal, configurando caixa 2. Mensagens que continham notícias falsas – Fake News – manchando a imagem do candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad.
A denúncia foi tão grave que diversos veículos da imprensa internacional repercutiram a notícia, culminando no reconhecimento expresso da empresa controladora do Whatsapp de que haveria uma fraude em curso. O Whatsapp suspendeu imediatamente 100 mil usuários da plataforma e abriu investigação interna, notificando empresas brasileiras que estariam por trás desses disparos a prestar esclarecimentos sobre o ocorrido. Essas empresas, inclusive, foram banidas, de imediato, da plataforma virtual. A imagem do Facebook – que controla também o Whatsapp – foi atingida, repercutindo no preço de suas ações na bolsa norte-americana.
No dia 19 de outubro, dois dias depois da denúncia, o TSE abriu investigação formal e pediu informações ao candidato Deputado Bolsonaro para prestar esclarecimentos em 5 dias. O Ministro da Defesa Raul Jungmann, também, determinou abertura de inquérito à Polícia Federal.
O caso ainda não está totalmente esclarecido. As declarações do Deputado Bolsonaro após a denúncia foram no sentido de que ele não teria nada a ver com o assunto, mas não negando a fraude. Disse que não poderia “controlar” o que os empresários fizeram e estavam fazendo.
É certo que o primeiro turno das eleições brasileiras de 2018 foi duramente afetado. Os resultados verificados foram totalmente divergentes das previsões dos principais institutos de pesquisa eleitoral do país. O Datafolha, por meio de seu diretor, reconheceu expressamente que as ondas de votações observadas na reta final da campanha no 1º turno tiveram a influência da fraude no Whatsapp.
A eleição ainda não acabou, restam 8 dias para o 2º turno, mas é certo que o pleito já está manchado por influência externa ilegal, via caixa 2. A investigação deve continuar, os indícios e provas são muito contundentes e o país não pode ficar à mercê de um resultado fraudulento, promovido por um candidato que mostrou, ao longo de sua longa e improdutiva carreira na Câmara Federal, que não possui nenhum apreço ao voto, às urnas e à democracia.
*Paulo Teixeira é deputado federal e mestre em Direito pela USP