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Um levantamento feito pela Agência Pública mostra que, desde o início de outubro, já foram registrados mais de 50 ataques e agressões encampados por apoiadores de Jair Bolsonaro (PSL). Um desses ataques de intolerância, inclusive, foi fatal: mestre Moa do Katendê, um dos mais famosos militantes da cultura negra de Salvador, foi assassinado com 12 facadas nas costas por um eleitor do militar da reserva. O motivo: ter votado no PT para a presidência.
O antipetismo que, até há algum tempo, se limitava ao discurso político, ganhou contornos de radicalismo com agressões permeadas de motivações que beiram ao fascismo. O ódio aos nordestinos, negros, mulheres e homossexuais tem se encontrado na aversão ao PT e na exaltação do "mito" Jair Bolsonaro. Em entrevista recente à Fórum, a antropóloga Adriana Dias, especialista em neonazismo, explicou como essa construção do "outro", no caso o PT, que resumiria todas essas minorias atacadas, se assemelha a construção do "outro" pelo nazismo na Alemanha que, naquele caso, eram os comunistas e os judeus.
Ivan Seixas, ativista político que foi preso e torturado durante a ditadura militar, também estabelece relações entre o chamando "antipetismo" e o ódio aos comunistas que criou o terreno fértil para o golpe militar de 1964 - golpe este que vitimou seu pai, Joaquim Alencar de Seixas, torturado sob o comando de Carlos Alberto Brilhante Ustra, o militar reverenciado por Jair Bolsonaro durante a votação do impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados.
"O antipetismo é o anticomunismo de 1964. É a mesma coisa. Eles tem ódio não é do PT ou do Partido Comunista, eles têm ódio de pobre", disparou Ivan, que concedeu entrevista no programa Fórum Eleições.
Para o ativista, o ódio ao PT, tal como o ódio aos comunistas na época da ditadura, se dá pelo fato de que há no Brasil uma classe média reacionária e uma elite escravagista. "Eles não querem que o pobre saia da situação miserável que está e quer que o pobre seja um trabalhador obediente, um serviçal", afirmou.
De acordo com Ivan, a eleição deste ano está sendo marcada por uma "campanha terrorista". "Só eles colocaram adesivos nos carros. Se os apoiadores do Haddad e outras candidaturas pusessem, os carros seriam depredados. E esse clima de terror é porque foi liberado o fascismo e o judiciário está corroborando", analisou.
Seixas, que viveu na pele as mazelas de uma ditadura, alerta: "Vivemos um estado de exceção. É a ditadura do judiciário, com o apoio da mídia, a mesma que apoiou o golpe de 1964.
Na mesma entrevista, Ivan falou ainda sobre os riscos que a candidatura de Bolsonaro representa para a democracia, expôs detalhes da tortura praticada pelo estado durante a ditadura militar e, como figura de resistência do golpe, propôs caminhos para barrar o estado autoritário e a ascensão do fascismo.
Assista à íntegra.
https://youtu.be/K4y8UwiFZQo