“Sonho dos golpistas é disputa entre direita e extrema direita”, diz Haddad

Ex-prefeito de São Paulo afirmou que nesse caso a agenda neoliberal estaria legitimada pelo voto popular, o que não acontece neste momento.

Foto: Heloisa Ballarini/ Secom
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Ex-prefeito de São Paulo afirmou que nesse caso a agenda neoliberal estaria legitimada pelo voto popular, o que não acontece neste momento. Da Redação* “Na minha opinião, o sonho dos golpistas é uma disputa da extrema-deita com a direita. Se a direita disputar com a extrema direita, vai dar direita e, então, vão legitimar a agenda neoliberal, que vai voltar com força, porque com a legitimidade do voto. Esse é o sonho dos golpistas, e que não haja espaço para o campo da centro-esquerda de oferecer alternativa eleitoral viável”, disse o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT). Ao lado de Juliana Borges, pesquisadora em Antropologia na Fundação Escola de Sociologia e Política de colunista da Fórum, e de Marcelo Freixo (Psol), deputado estadual do Rio de Janeiro, ele participou do Seminário Internacional Universidade em Crise: As razões do agir, realizado pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP.A mediação foi da professora da faculdade Maria Arminda do Nascimento Arruda. De acordo com Haddad, tanto do ponto de vista da direita como da centro-esquerda, “há hoje uma corrida contra o relógio”. Para ele, o campo progressista precisa entender a complexidade do processo que levará o país às eleições de 2018. “Não será possível a esse campo, simplesmente, anunciar um resgate de um projeto que expirou, porque as condições estruturais da economia global se alteraram enormemente”, disse. Uma solução de “resgate” de propostas que não condizem com o tempo histórico não convencerá o eleitor, em sua opinião. “Não vai passar confiança dizer que vamos reviver os tempos de 2005, 2010, não importa o recorte histórico. Está na memória do povo que ele vivia bem. Mas se a gente disser que aquilo é possível resgatar, não só é pouco como acho que não é real e verdadeiro”. Para o petista, a esquerda tem um ano para trabalhar um programa de governo à altura dos desafios colocados pela conjuntura nacional e a realidade mundial. Esse trabalho tem de ser feito com maturidade, “para que seja crível e exequível, porque não basta ser crível”. A esquerda tem de se “repensar”, defende Haddad. Freixo, por sua vez, questionou o modelo político praticado pelo campo progressista nos últimos anos e afirmou que a esquerda está perdendo terreno para a direita no processo e na luta política. “Hoje, o sentimento (em relação à) política mais perceptível é a repugnância. A negação da política é um projeto político, e esse projeto político entende a repugnância. E a esquerda faz o quê?”. Segundo sua avaliação, a esquerda precisa entender a complexidade da questão da violência, por exemplo, para construir um projeto de governo. Apesar da política do Estado seja a de resolver a questão da violência “com polícia e presídio”, não são poucas as pessoas nas favelas que pedem penas maiores. “E quem vai preso? É a população pobre das favelas. Vamos enfrentar essa hegemonia ou não?”, questionou. *Com informações da Rede Brasil Atual Foto: Heloisa Ballarin/Secom