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Ele será alvo de uma representação no Conselho de Ética da Câmara por assédio moral e sexual contra uma jornalista da CBN. Após o assédio presencial, ainda desferiu ataques nas redes: "Ela foge totalmente dos padrões estéticos que supostamente despertaria algum tipo de desejo em alguém"
Por Redação
A jornalista Basília Rodrigues, da rádio CBN, acusou o deputado federal Wladimir Costa (SD-PA), aquele que fez uma tatuagem de henna com o nome de Temer no ombro e que ficou pedindo fotos eróticas pelo celular no Plenário na Câmara, de assédio sexual e moral.
O caso aconteceu na noite de terça-feira (1). De acordo com a jornalista, o parlamentar estava sendo questionado por outros repórteres sobre a tatuagem de henna que fez no ombro em homenagem a Michel Temer. Ao ser solicitado para mostrar o desenho, ele disse a repórter que para ela "só mostraria o corpo inteiro". Basília falou sobre o assunto em suas redes sociais.
À página "Reflexo Político Brasil", Wladimir minimizou as acusações e ainda desferiu novos ataques de cunho pessoal e profissional à jornalista.
"Ela é aquela do tipo mequetrefe e resolveu me denunciar sabem por que? Adivinhem ? Isso mesmo! Por assédio (creio que deva ser por um suposto assédio moral, porque assediá-la sexualmente ninguém irá acreditar, pois basta ver as fotos da mesma e todos irão ver que ela foge totalmente dos padrões estéticos que, supostamente despertaria algum tipo de desejo em alguém. Pelo menos dos meus fogem 1000% e também creio que fogem dos interesses padrões que outros homens, possam sentir por uma mulher. Digamos que apenas a cor negra de sua pele e o cabelo cacheado, é o que ela verdadeiramente tem de beleza em seu corpo", afirmou.
Ele, agora, deve ser alvo de representação no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. O deputado Júlio Delgado, do PSB, diz que a atitude fere o decoro e quer levar o caso ao Conselho de Ética. "Vou tentar representar partidariamente para que o partido PSB possa representar contra um cidadão que não tem correspondido à ética e ao decoro parlamentar. Não é um exemplo um deputado agir dessa forma', afirmou".
Deve representar ainda contra o deputado a A Frente Parlamentar em Defesa das Mulheres na Câmara.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) publicou nota de repúdio, afirmando que a conduta do deputado foi machista e desrespeitosa ao trabalho jornalístico.
Pelo seu Facebook, a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) publicou um texto de solidariedade à jornalista. Confira abaixo.
Solidariedade a Basília. Punição aos machistas!
O deputado federal Wladimir Costa (SD-PA), que jurou fidelidade a Temer com uma tatuagem do presidente no ombro, assediou presencialmente, no último dia 1º, a jornalista Basilia Rodrigues, da Rádio CBN, e a desrespeitou nas redes sociais.
Mulheres, nós bem conhecemos essa lógica de desrespeito. Toda mulher tem direito ao respeito!
Até quando homens investidos de autoridade política continuarão a ser o pior exemplo de machismo, tratando as mulheres como escravas?
Até quando continuarão com um discurso que fomenta a cultura do estupro, do assédio e da misoginia?
Isso só cessará quando forem punidos nos tribunais e perderem seus mandatos por falta de decoro.
No entanto, dentro da Câmara dos Deputados e do Senado, nas instâncias que apuram faltas éticas na conduta dos denunciados, muitos outros parlamentares homens fazem vistas grossas às denúncias que nós mulheres fazemos.
Lembro que como mulher e cidadã, optei por denunciar um parlamentar que reiteradas vezes usou palavras não somente ofensivas, mas criminosas contra a minha pessoa e contra outras mulheres, na Justiça comum.
Além da denúncia movida por mim, ele também é réu no STF por ação movida pela PGR pelo crime de apologia ao estupro. A apreciação deste processo pelo STF e a condenação deste parlamentar fará justiça diante do cometido, que permanece se refletindo em manifestações de ódio cotidianas, sobretudo no território pantanoso das redes sociais.
Por este motivo, me coloquei imediatamente no lugar de Basília. Não a conheço, mas sou capaz de sentir o que ela sente.
Quando somos desrespeitadas da forma como ela foi, é como se sentíssemos um ferro quente nos marcando nossa pele para sempre. Como se alguém sempre fosse nos olhar e lembrar desse episódio, mesmo que façamos coisas extraordinárias em nosso trabalho e na nossa vida.
Todo o sofrimento de nossas antepassadas, tratadas como objetos, parece mesmo gravado em nossas células.
Tenho certeza de que a opressão e a violência são bem gravadas na atuação dos que desrespeitam mulheres. Sejam eles os facínoras autores de feminicídio, sejam os metidos a besta que se acham muito melhores do que são ao ponto de desrespeitarem uma profissional de imprensa, ou qualquer outra profissão, que certamente só por dever de ofício lhe dirige a palavra.
Maria do Rosário, deputada federal (PT-RS)