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Prefeitura arrecadou R$ 800 milhões a mais no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado, o que contradiz o discurso do próprio prefeito de que a cidade tem rombo orçamentário. Especialistas avaliam que tucano faz caixa para ano eleitoral
Por Rodrigo Gomes, na RBA
Dados do orçamento municipal da capital paulista contradizem o discurso do prefeito, João Doria (PSDB), de que a cidade tem um rombo orçamentário e que por isso é preciso congelar os gastos. Em julho, Doria mantinha R$ 11,6 bilhões em caixa, segundo o Demonstrativo da Disponibilidade de Caixa obtido pelaRBA. Já a arrecadação, até junho deste ano, ficou em 46,7% do total estimado para o ano. Em 2016, a arrecadação foi de 45,7% em junho. O crescimento de um ponto percentual é indicativo de melhora na situação.
De acordo com informações da Secretaria Municipal da Fazenda, até junho deste ano, a arrecadação da capital paulista subiu cerca de R$ 800 milhões em relação ao mesmo período do ano passado – crescimento de 3,5%, superior à inflação dos últimos 12 meses, que ficou em 2,7% segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE.
Apesar do resultado favorável, Doria mantém congelados quase R$ 7 bilhões do orçamento municipal deste ano, equivalente a 12,78% do total de R$ 54,6 bilhões.Em 2016, a gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) congelou 7,47% do orçamento, apesar da arrecadação menor.
O gargalo orçamentário da capital paulista está nas receitas de capital, principalmente nas transferências que deveriam ser feitas pelo governo federal, verbas utilizadas em grande parte dos investimentos. Apesar do apoio incondicional de Doria ao governo de Michel Temer, inclusive pela permanência dele ante às denúncias de corrupção feitas pela Procuradoria Geral da República, a União não tem repassado verbas para São Paulo. Dos 940 milhões esperados para esse ano, apenas 13,5 milhões foram repassados até junho (1,45%).
Para o ex-vereador Odilon Guedes, mestre em economia pela PUC, pode ser que a situação mude até o final do ano, mas até agora não há problema de arrecadação que justifique o congelamento aplicado pela gestão Doria. “Ainda que os investimentos fiquem prejudicados, a falta de verba da União só justifica o congelamento das obras. Tudo que é despesa corrente – os programas existentes e ações cotidianas da prefeitura – não tem motivo para sofrer cortes. O governo tem de explicar isso”, afirmou.
- Dados do caixa da gestão Doria relativos ao mês de julho deste ano
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