Traficante Marcinho VP revela em livro que Sérgio Cabral pediu a sua ajuda em campanha

No livro, VP também faz reflexões sobre a política. Marcinho afirma que a Operação Lava-Jato é um “sopro de esperança que varre o país e reacende o sentimento de orgulho nas pessoas de bem”.

Brasília- DF- Brasil- 29/10/2010- O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, fala à imprensa. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil
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No livro, VP também faz reflexões sobre a política. Marcinho afirma que a Operação Lava-Jato é um “sopro de esperança que varre o país e reacende o sentimento de orgulho nas pessoas de bem”. Da Redação* Em livro, com publicação prevista para outubro, com o título provisório de “O Direito Penal do inimigo: Verdades e Posições”, o traficante Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, revela que ajudou o ex-governador Sérgio Cabral na campanha de 1996 — quando o então deputado presidente da Assembleia Legislativa do Rio disputou o cargo de prefeito e perdeu. No texto, um manuscrito a que o EXTRA teve acesso com exclusividade, o traficante conta que a equipe de Cabral pediu o apoio dele no Complexo do Alemão e que o ex-governador esteve com ele durante uma hora num camarote na favela durante um show do Molejo. Na época do encontro, Marcinho já chefiava o tráfico local. Cerca de um mês depois, ele foi preso em Porto Alegre. Marcinho VP foi condenado a 44 anos de prisão — 10 por tráfico e outros 34 por mandar matar duas pessoas, crime que ele nega. O traficante considera que sua transferência para o sistema penal federal, em 2007, foi uma decisão de Cabral. Ele está há 10 anos nos presídios de segurança máxima. Marcinho chama o ex-governador de “ladrão” e “traidor”. De acordo com o texto, ele convidou o então candidato e sua comitiva para um camarote instalado para o show do Molejo com cerca de 100 líderes comunitários. Ele lembra que Cabral subiu a comunidade com “fôlego, vitalidade e confiança”. Marcinho conta que o ex-governador fez elogios a juventude do traficante: “O futuro do país pertence a vocês, jovens”, teria dito Cabral, segundo Marcinho. A defesa do ex-governador nega o encontro. O advogado Rodrigo Henrique Roca Pires, que representa Cabral, afirmou que nunca houve essa reunião, nem ajuda do traficante na campanha: — Nenhum outro governo foi tão duro quanto o combate ao tráfico de drogas. Claro que não teve esse encontro. É uma afirmação completamente descabida. As pessoas usam os meios mais esdrúxulos para chamar atenção para si e seus interesses. Certamente uma informação dessa que não é verdadeira, mas ele vai conseguir vender muito mais. Apoio à Lava-Jato O traficante também faz reflexões sobre a política. Marcinho afirma que a Operação Lava-Jato é um “sopro de esperança que varre o país e reacende o sentimento de orgulho nas pessoas de bem”. Ele também afirma que a operação é um patrimônio da sociedade brasileira e diz que agora os poderosos sabem que ela representa o fim de uma era de impunidade. Marcinho VP também fez comentários sobre a UPP. Para ele, faltou o estado fornecer assistência social. Ele admite que o crime tem um forte componente social. *Com informações do Extra Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil (29/10/2010)