Perdemos um gigante! Viva Marco Aurélio Garcia!

Como assessor especial de relações internacionais dos governos Lula e Dilma foi a grande cabeça formuladora e implementadora da política externa altiva e ativa, em uma parceria fina com Celso Amorim, numa divisão de papéis que rendeu grandes frutos.

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Como assessor especial de relações internacionais dos governos Lula e Dilma foi a grande cabeça formuladora e implementadora da política externa altiva e ativa, em uma parceria fina com Celso Amorim, numa divisão de papéis que rendeu grandes frutos. Por Julian Rodrigues Acaba de morrer, aos 76 anos, vítima de um ataque cardíaco fulminante, o professor e historiador, militante socialista, fundador do Partido dos Trabalhadores e um dos seus mais importantes quadros históricos, Marco Aurélio Garcia. Nesses dias tão estranhos é muito triste saber que perdemos um dos nossos melhores. Marco Aurélio Garcia dedicou sua vida à causa do socialismo, à construção do Partido dos Trabalhadores, à formulação político-programática e ao internacionalismo. O gaúcho MAG começou cedo sua militância. Foi dirigente do movimento estudantil, lutou contra a ditadura e viveu no exílio. Professor do Departamento de história Unicamp, foi um dos fundadores do PT, a quem dedicou a maior parte de sua vida. Marco Aurélio foi um dos organizadores do Foro de São Paulo e o principal dirigente histórico da política internacional do PT, tendo sido por anos nosso Secretário de Relações Internacionais e principal interlocutor do Partido com toda a esquerda mundial, mas principalmente latino-americana. Homem culto, de vasta bagagem humanista. Generoso, dedicado, trabalhador, Marco Aurélio foi Secretário de Cultura de Campinas no início dos nos 1990 e Secretário de Cultura de São Paulo, no início dos anos 2000. Muito próximo a Lula, mas respeitado por todo o partido por sua seriedade, urbanidade, honestidade intelectual, foi o coordenador do programa de governo do PT nas eleições de 1998, 2002, 2006 e 2010. Como assessor especial de relações internacionais dos governos Lula e Dilma foi a grande cabeça formuladora e implementadora da política externa altiva e ativa, em uma parceria fina com Celso Amorim, numa divisão de papéis que rendeu grandes frutos. Um petista corajoso, que não temia enfrentar os inimigos de classe e também fazer o debate interno de maneira não sectária e franca. Em 2007, quando da crise dos “aloprados”, foi chamado a assumir a Presidência Nacional do PT, e esteve à altura dos desafios. Deixou saudades. Tive o privilégio de conviver com nosso MAG no Diretório Nacional e dele só guardo as melhores recordações.  Como coordenador do programa LGBT do PT em 2006, trabalhei diretamente sob sua direção. Com seu sorriso franco, Marco Aurélio foi sempre um aliado no debate das políticas LGBT. Naquele ano fizemos um caderno (Construindo um Brasil sem Homofobia), que foi o auge da nossa elaboração partidária e sustentou os avanços que o segundo governo Lula promoveu nessa área. MAG: querido companheiro. Socialista. Dirigente. Militante. Comprometido com as melhores causas da humanidade. Vai fazer muita falta, meu companheiro. Podia ter ficado um pouco mais entre nós. Seu exemplo, sua fibra, sua capacidade política e sua militância seguirão nos inspirando. O PT não seria o mesmo sem sua contribuição. Um beijo na sua careca. Descanse em paz, mestre. Marco Aurélio Garcia: presente! Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil