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O embaixador aposentado e ex-secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, mostra em artigo que a verdadeira batalha é contra o ministro Henrique Meirelles e suas medidas pró-mercado e contra o povo
Por Samuel Pinheiro Guimarães Foto: Beto Barata/PR/FotosPúblicas
O senhor Henrique Meirelles, ministro da Fazenda, ex-presidente do Bank of Boston e durante vários anos presidente do Conselho da J&F (de Joesley), de onde saiu para ocupar o Ministério da Fazenda, procura, à frente de uma equipe de economistas de linha ultraneoliberal, implantar no Brasil, na Constituição e na legislação uma série de “reformas” para criar um ambiente favorável aos investidores, favorável ao que chamam de “mercado”.
O Senhor Henrique Meirelles já declarou, de público, que se o Presidente Temer “sair” ele continua e todos os jornais repetem isso, com o apoio de economistas variados e empresários, como o senhor Roberto Setúbal, presidente o Itaú.
Estas “reformas” são, na realidade, um verdadeiro retrocesso econômico e político e estão trazendo, e trarão, enorme sofrimento ao povo brasileiro e grande alegria ao “mercado”.
Enquanto crucificam o povo brasileiro e em especial os mais pobres, os trabalhadores e os excluídos, o debate político fica centrado na corrupção, desviando a atenção da classe média e dos moralistas em torno de uma verdadeira “novela” com heróis e bandidos.
Discute-se se Michel Temer levou ou não “contribuições pessoais” e se foram 500 mil ou 20 milhões, a prazo. Se o senador Aécio Neves pediu uma propina ou um empréstimo (informal!!) de R$ 2 milhões. Se a J&F corrompeu quem e quantos ficaram livres de pena. Se o senhor Joesley merecia o perdão, se Sérgio Moro, juiz de primeira instância, é ou não a principal autoridade judiciária do país, acima da Lei. Se o ministro Marco Aurélio é justo; se o Ministro Gilmar Mendes é imparcial etc. etc. etc.
O tema verdadeiramente importante é a tentativa das classes hegemônicas brasileiras, aqueles que declararam ao imposto de renda ganharem mais de 160 salários mínimos por mês (cerca de 160 mil reais) e que são cerca de 70 mil pessoas e que constituem, em seu conjunto, aquela entidade mística que os jornais e analistas chamam de “mercado”.
O “mercado” contra o povo
De um lado, o “mercado”:
- os empresários, promotores do Pato e financiadores do MBL; exceto aqueles que já se deram conta que Meirelles é contra a indústria;
- os rentistas;
- os grandes proprietários rurais (entre eles o senador e ministro Blairo Maggi e o avião interceptado pela FAB);
- os grandes proprietários urbanos;
- os banqueiros (não os bancos) e seus lucros;
- os gestores de grandes empresas privadas, modestos ex-professores universitários;
- os proprietários dos meios de comunicação;
- os grandes executivos brasileiros de megaempresas multinacionais;
- os professores universitários, formados em universidades estrangeiras, em teorias próprias dos países desenvolvidos e que, mesmo lá, fracassam;
- os economistas e os jornalistas econômicos, empregados do Mercado.
- os 53 milhões de brasileiros que recebem o Bolsa Família, isto é, cuja renda mensal é inferior a 182 reais;
- as dezenas de milhões que são isentos do imposto de renda por terem renda inferior a 2.500 reais por mês.
- os 61 milhões que estão inadimplentes, com seus crediários;
- os 14 milhões de desempregados;
- os 3 milhões de crianças fora da escola;
- os mais de 11 milhões de habitantes de favelas (hoje chamadas comunidades!!);
- os subempregados;
- os 47 milhões que ganham menos de um salário mínimo por mês;
- os milhões sem remédio e sem hospital.