Escrito en
POLÍTICA
el
"Áreas fundamentais para o avanço econômico do país, como fonte energética, comunicações, reservas minerais e ambientais, estão sendo vendidos de qualquer forma para atender a interesses internacionais. Do outro lado, a população paga o preço alto da retirada de direitos com as reformas Trabalhista e Previdenciária, além dos cortes em educação e saúde"
Por Zeca Dirceu*
O que está se vendo no último ano, após o golpe na democracia do Brasil, é um entreguismo sem limites do governo de Michel Temer. Áreas fundamentais para o avanço econômico do país, como fonte energética, comunicações, reservas minerais e ambientais, estão sendo vendidos de qualquer forma para atender a interesses internacionais. Do outro lado, a população paga o preço alto da retirada de direitos com as reformas Trabalhista e Previdenciária, além dos cortes em educação e saúde.
Incumbido de colocar em prática as privatizações que os tucanos não conseguiram concretizar, Temer e sua base aliada no Congresso trataram de atacar a Petrobras, empresa de maior simbologia nacional. Enquanto qualquer nação do mundo adota como planejamento a preservação de suas fontes energéticas para assegurar seu desenvolvimento econômico, o governo ilegítimo passou a adotar uma política de fatiamento e venda da estatal.
O aumento de investimentos, entre os anos de 2003 a 2013, nos levou a descoberta do Pré-sal e manteve a Petrobras como protagonista de todo o processo exploratório das reservas. O governo Temer aprovou uma mudança na legislação para que a Petrobras deixasse de ser a operadora única de uma das áreas mais estratégicas do país, deixando de investir na produção nacional. Perdas irreparáveis à indústria e pesquisa nacionais e o fim do sonho de mais recursos na educação com o uso do Pré-sal.
Outro investimento que será repassado ao capital estrangeiro, vem do setor de telecomunicações. A privatização chegou ao Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicação Estratégicas (SGDC). O país perde os 2,7 bilhões de reais investidos com o objetivo inicial de levar banda larga às escolas, postos de saúde, hospitais, etc. No entanto, Temer anunciou o leilão do satélite para grandes operadoras, de novo, em prejuízo de políticas públicas, nesse caso, de acesso à internet.
Mais preocupante é sua decisão de conceder à iniciativa privada uma área da Amazônia, onde a mineração está proibida há mais de 30 anos. O governo ilegítimo, por meio do Ministério das Minas e Energia, deu o primeiro passo para a extinção da Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca) criada em 1984, ainda na ditadura militar. A meta de Temer, pasmem, é leiloar uma área rica em ouro.
Sob o argumento de estimular o desenvolvimento econômico da região, entre Pará e Amapá, Temer vai permitir a devastação de 46 mil km² de floresta. Vamos perder um território de matas que somado representa uma área do tamanho dos estados de Sergipe e Alagoas, juntos.
Temer só tem um propósito em seu planejamento de economia, entregar o país com suas riquezas no pacote, a troco de migalhas. As custas para se manter no poder e alcançar sua meta chegam a perdas de mais 107 bilhões de reais aos cofres públicos com renegociações de dívidas com os Estados, com perdão de débitos de empresas devedoras, com novo Refis. Soluções que contribuem para o desequilíbrio das contas da União.
O país perde renda, está com crescimento estagnado e com redução de investimentos em educação e saúde. Essas duas áreas sofrem com cortes de recursos, que terão investimentos congelados por 20 anos, e com a extinção e desmonte de políticas públicas.
Sem investimento nacional e entrega ao capital estrangeiro não haverá retomada do crescimento. Alguém está lucrando com isso, e não é o Brasil, nem tão pouco a população.
*Zeca Dirceu é deputado federal pelo PT do Paraná