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Por Luis Nassif, no GGN
Há algo em comum entre Michel Temer e Deltan Dallagnoll.
Divulgada a informação de que viajou para um encontro da LIDE em um avião da JBS, inicialmente Michel Temer admitiu a viagem – já que era para evento público -, mas negou o transporte. Disse que viajara em avião da FAB.
Informado de que a FAB desmentiria, admitiu o voo em aeronave privada. Mas informou não saber o nome do proprietário.
Quando o proprietário deu inúmeros detalhes demonstrando que Temer sabia, nada mais disse. Divulgada a informação de que havia um site de eventos vendendo suas palestras a um custo entre R$ 30 mil a R$ 40 mil, o procurador Deltan Dallagnoll negou ter autorizado a venda. O site publicou uma nota se desculpando.
Mas não negou receber pelas palestras, porque eventos públicos, nem desmentiu os valores apregoados no site.
No seu perfil, no Facebook, a título de defesa, informou a destinação dos recursos:
(...) Em 2017, após descontado o valor de 10% para despesas pessoais e os tributos, os valores estão sendo destinados a um fundo que será empregado em despesas ou custos decorrentes da atuação de servidores públicos em operações de combate à corrupção, tal como a Operação Lava Jato, para o custeio de iniciativas contra a corrupção e a impunidade, ou ainda para iniciativas que objetivam promover, em geral, a cidadania e a ética.
Nunca divulguei isso antes para evitar que tal atitude fosse entendida como ato de promoção pessoal. Contudo, diante de ataques maldosos e mentirosos, reputo conveniente deixar isso claro para evitar qualquer dúvida de que o que me motiva é o senso de dever, como procurador e como cidadão.
Há alguns problemas nessa explicação.
Onde ele jogaria os recursos advindos das palestras?
Certamente Deltan não terá a menor dificuldade em explicar o caminho que os recursos de palestras percorreram para chegar ao setor público. Qualquer doação para o serviço público, “tal como a Operação Lava Jato”, só pode ser feita por pessoa jurídica de direito privado.
Assim como as delações da Lava Jato, sua confissão só terá valor se acompanhada de provas. No caso, o CNPJ da ONG criada para esse fim.
Se disser que os recursos estão em sua conta corrente, porque ainda não abriu a ONG, não terá cometido nenhum ilícito penal, porque o dinheiro é seu e fruto do largo investimento em autopromoção. Mas terá faltado com a verdade. E um super-herói não pode se permitir essa mácula da mentira em sua biografia.