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Da Rede Brasil Atual
por Luciana Whitaker
João Vicente critica aliança do partido com o governador do Distrito Federal, que vetou a construção de um memorial e a quem chama de "covarde" e "golpista"
Herdeiro direto do trabalhismo, o filho mais velho do ex-presidente João Goulart, João Vicente, anunciou hoje (5) sua desfiliação do PDT, "que ajudei a construir nos momentos mais difíceis, e onde sempre estive presente", conforme escreveu em sua conta no Facebook. O motivo, segundo ele, é a aliança mantida pelo partido no Distrito Federal com o governador Rodrigo Rollemberg (PSB), que João Vicente chama de "covarde", por inviabilizar a construção de um memorial. Com isso, diz, ele "cassou Jango, meu pai, pela segunda vez".
"Enquanto a Nação devolve a Jango seu diploma de Presidente da República cassado pelo arbítrio do golpe; enquanto a Nação lhe presta as honras de Chefe de Estado que não teve em sua morte no exílio; enquanto o Congresso Nacional anula a fatídica e vergonhosa sessão da madrugada do dia 2 de abril de 1964 que declarava vaga a presidência da República com o presidente dentro do território Nacional; enquanto Jango é agraciado por unanimidade pela Câmara Legislativa do Distrito Federal, com o título de 'Cidadão Honorário', nós do PDT, continuamos a manter uma aliança com este governo do DF, traidor de nossas causas e doutrinas", critica João Vicente.
O filho de Jango lamenta a "injustiça" que o PDT vem praticando ao manter uma aliança "em nome do pragmatismo fisiológico, eleitoreiro e das piores práticas políticas que esta figura, disfarçada de 'socialista', pratica também contra o povo do Distrito Federal". Também faz menção ao impeachment: "A grave situação da política nacional que vivemos não indica tampouco ser de bom arbítrio estar ao lado de golpistas".
Ele informou ter transmitido sua decisão ao presidente do partido, Carlos Lupi. "Mas tenham certeza de que sempre estaremos juntos no sonho de um Brasil mais justo, que Getúlio, Jango e Brizola sonharam um dia para a Nação que todos queremos, mais justa, mais humana e mais socialista", afirma João Vicente. "Esta bandeira, que ajudei a construir e que por tanto tempo abrigou minhas mais puras inspirações que trouxe do exílio, da fé e da luta que não abandonamos, da resistência feroz de meu pai à tirania da ditadura de 1964 e que a morte o separou do Brasil que tanto amou e ao qual queria retornar, quando fosse livre e democrático, fica no coração.