Do Rio para o mundo – Um grito forte por Diretas Já

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As redes sociais, mais uma vez, provaram a força que adquiriram nos últimos anos. Toda a mobilização foi feita por aplicativos, blogs, Facebook e sites independentes. A mídia dita oficial ignorou um ato que reuniu milhares de pessoas para opinar sobre a política do país. Será que esse tema não interessa ao país? Ou será que isso precisa ser escondido? Por Alvaro Maciel  A Zona Sul do Rio de Janeiro foi palco de um lindo Ato pelas Diretas Já. O domingo, 28/05, se iniciou parecendo que seria de sol em Copacabana. Todavia, ainda pela manhã um intenso nevoeiro se aproximou e depois o tempo fechou. O dia foi frio e cinzento e, mesmo assim, circularam pela mais famosa Orla da América do Sul mais de 100 mil pessoas, que manifestaram suas insatisfações com o governo de Michel Temer, pediram o fim imediato de seu governo e exigiram Diretas Já. As redes sociais, mais uma vez, provaram a força que adquiriram nos últimos anos. Toda a mobilização foi feita por aplicativos, blogs, Facebook e sites independentes. A mídia dita oficial ignorou um ato que reuniu milhares de pessoas para opinar sobre a política do país. Será que esse tema não interessa ao país? Ou será que isso precisa ser escondido? Abro aqui um parêntese para uma devida reflexão sobre a imprensa brasileira, que há muito não cumpre seu papel de primar pela cobertura dos principais fatos do país, com lisura e de forma republicana. Estamos diante de um grandioso esquema corporativista de comunicação, que não atua com a devida imparcialidade. A não presença das grandes empresas de comunicação num grande ato cultural por eleições diretas evidencia, mais uma vez, a forma tendenciosa de atuação velha da mídia brasileira. Mas vamos aos fatos. Os diversos segmentos sociais deram ao “Diretas Já” muitas cores e caras. Uma linda diversidade ocupou a orla da praia de Copacabana, num dia chuvoso e frio, demonstrando a vontade do povo de chamar para si a responsabilidade pelo destino do país. A participação dos artistas e intelectuais garantiu ao ato um caráter pacífico. Mais uma vez o setor cultural do país se une em defesa de um projeto democrático para o Brasil. Antônio Pitanga, Benvindo Sequeira, Teresa Cristina, Zezé Motta, Mano Brown, Criolo, Martnalia, Wagner Moura, Maria Gadú, Pedro Luís, Digitaldub, Bete Mendes, Fábio Assunção, Sophie Charlotte, Daniel Oliveira, Osmar Prado, Bnegão, Caetano Veloso e Milton Nascimento, dentre outros, dividiram o palco com ativistas e lideranças da Frente Povo Sem Medo e da Frente Brasil Popular, grupos que organizaram o ato. O movimento Diretas Já não é partidário e visa aglutinar diversos setores da sociedade e não somente da esquerda. Diferentemente daquelas manifestações caretas e despolitizadas, não exclui a participação dos militantes de partidos que aderiram à causa do movimento. A ideia central é impedir que esse congresso, com quase a metade de seus integrantes investigados por práticas ilícitas, faça a escolha INDIRETA do próximo presidente da República, uma vez consumada queda de Michel Temer. É como bem colocou o ator Wagner Moura "Não é possível Temer continuar, nem esse Congresso escolher o seu substituto. Pode não ser ilegal, mas é imoral e ilegítimo". Temer pode deixar a presidência por três caminhos diferentes: pelo pedido de renúncia; pela condenação no TSE da chapa Dilma-Temer, o que levaria à cassação de seu mandato; ou através de um dos diversos pedidos de impeachment protocolados na presidência da Câmara Federal. O que o povo nas ruas pede é exatamente que se tome um caminho legal para convocação imediata das eleições diretas. Nada é tão forte e simbólico do que o povo se manifestar democraticamente nas ruas. Essa participação é que legitima uma possível mudança no curso do processo. Nas conversas entre membros dos diversos grupos participantes do ato comentou-se muito sobre a PEC 227/2016. A PEC das Diretas Já é de autoria do deputado Miro Teixeira (REDE/RJ) e tramita no Congresso desde junho de 2016. Essa proposta de Emenda Constitucional prevê eleições diretas no caso de vacância do cargo de presidente da República e cai como luva para sanar o atual impasse político instaurado após tantos fatos e acusações que envolvem o nome do presidente Michel Temer, hoje sem condições de continuar no poder. Sua permanência é totalmente insustentável.