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Senadores e deputados do PT, PcdoB e Rede, reunidos com ministra Cármen Lúcia, avaliam que país não vive um estado de normalidade e querem evitar que convocação de Forças Armadas vire precedente
Por Hylda Cavalcanti, da RBA
Parlamentares do PT e de outros partidos de oposição, como Rede e PCdoB, conversaram esta manhã (25) com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, sobre as ações do governo e destacaram: “o país não vive um estado de normalidade”. A declaração, repetida por vários deles, foi consequência do anúncio feito pouco tempo antes, pelo Palácio do Planalto, de revogação do decreto que estabeleceu uso das Forças Armadas para Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em Brasília ontem.
Para a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), a revogação do decreto foi uma clara confissão de que o governo Michel Temer cometeu um grande erro e não garante estabilidade ao país. Segundo ela, o que se observou consistiu numa situação tão séria e de caráter inconstitucional que se não tivesse sido resolvida pelo próprio governo, seria pelo Judiciário. “Viemos falar com a ministra Cármen Lúcia, porque sabemos que, mesmo com a revogação, precisamos evitar que isto se torne um precedente no país”, ressaltou a senadora.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), ressaltou que tudo o que foi autorizado ontem por parte do Executivo mostra o desmando que continua imperando no governo. “Esse decreto foi publicado sem consulta a todos os comandantes militares, segundo as informações que chegaram a nós, o que levou até a reclamações públicas entre eles. Mostra um clima de total instabilidade por parte do atual governante do país”, criticou.
O líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (SP), afirmou que o país não vai ser pacificado enquanto houver um governo que só busca o conflito e a aprovação de reformas que retirem direitos e levem ao sacrifício dos brasileiros. Zarattini disse ainda que houve infiltração de grupos violentos na manifestação, com o intuito de tumultuar e atrapalhar um ato organizado para se realizar de forma pacífica e que a Polícia Militar agiu com uma violência jamais vista.
Diretas e impeachment
Os parlamentares também destacaram a luta que pretendem travar, daqui por diante, pela aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que estabelece a realização de eleições diretas para escolha do substituto do presidente Michel Temer. Lindbergh Farias (PT-RJ), que apresentou ontem um substitutivo a projeto já existente na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado, afirmou que a previsão é que o texto seja votado na próxima semana.
Farias disse que a avaliação feita por todos, inclusive representantes da base aliada, em reservado, é que o caso é de realização de eleições diretas, motivo pelo qual a oposição está disposta a envidar seus esforços nesse sentido. “Existe um sentimento generalizado de que este governo já acabou e não vamos aceitar que um presidente desmoralizado continue tentando passar a falsa impressão de que há estabilidade no país”.
Sobre a saída de Temer, os parlamentares lembraram que vão aguardar o julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), previsto para 6 de Junho. Mas a Ordem dos Advogados do Brasil (AOB) também protocola, hoje, o 13º pedido de impeachment contra o presidente. Um dos representantes da Ordem, o advogado Henri Clay, presidente da seccional de Sergipe, afirmou que a renúncia seria um ato de bom senso e grandeza. De acordo com Clay, apesar de ser um remédio amargo, o impeachment é “necessário para estancar a sangria do Brasil”.
Foto: UGT