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As prisões têm como objetivo é investigar fraudes e desvios de recursos públicos em obras de reforma do Estádio Nacional Mané Garrincha para a Copa do Mundo de 2014. Orçada em R$ 600 milhões, a arena brasiliense custou mais de R$ 1,8 bilhão.
Da Redação*
A Polícia Federal do DF cumpre, na manhã desta terça-feira (23), mandados de prisão contra os ex-governadores Agnelo Queiroz (PT), José Roberto Arruda (PR) e o ex-vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB), assessor especial do presidente Michel Temer.
Além deles, agentes públicos, ex-servidores e construtoras que prestaram serviços a três gestões do GDF, inclusive a ex-presidente da Terracap, Maruska Lima.
As prisões têm como objetivo é investigar fraudes e desvios de recursos públicos em obras de reforma do Estádio Nacional Mané Garrincha para a Copa do Mundo de 2014. Orçada em R$ 600 milhões, a arena brasiliense custou mais de R$ 1,8 bilhão. As investigações decorrem das delações de ex-executivos da Andrade Gutierrez, que construiu a arena em consórcio com a Via Engenharia. A Justiça determinou a indisponibilidade de R$ 60 milhões de 13 envolvidos no esquema.
Clóvis Primo, um dos delatores e executivo da Andrade Gutierrez, afirmou que, antes mesmo da formação do consórcio que venceu a licitação para construir a arena, já havia um acerto, em 2009, que determinava o recebimento de 1% do valor em propinas para o então governador Arruda. Mesmo após a prisão de Arruda, em 2010, o acordo de propina foi mantido.
Rogério Sá, outro executivo da Andrade Gutierrez, também afirmou que Agnelo Queiroz recebia propina de diretores da empreiteira. No caso do petista, no entanto, não havia, segundo a delação, um percentual estabelecido. Mas, segundo Rogério Sá, Agnelo teria pedido valores para o PT.
Há agentes nas casas de Agnelo, no Conjunto 4 do Setor de Mansões Dom Bosco; e no Lago Sul, onde mora Filippelli. O ex-governador José Roberto Arruda chegou à sede da PF em Brasília por volta das 8h50.
Conluio
A hipótese investigada pela Polícia Federal é que agentes públicos, com a intermediação de operadores de propinas, tenham realizado conluios e assim simulado procedimentos previstos em edital de licitação. A reforma do Mané Garrincha, ao contrário dos demais estádios da Copa do Mundo financiados com dinheiro público, não recebeu empréstimos do BNDES, mas sim da Terracap, mesmo que a estatal não tivesse este tipo de operação financeira prevista no rol de suas atividades.
Em razão da obra do Mané Garrincha – a mais cara arena de toda Copa de 2014 – ter sido realizada sem prévios estudos de viabilidade econômica, a Terracap, companhia estatal do DF com 49% de participação da União, encontra-se em estado de iminente insolvência.
Para recolher elementos que detalhem como operou o esquema criminoso que superfaturou a obra e lesou os cofres do GDF e da União, os cerca de 80 policias envolvidos na operação foram divididos em 16 equipes. Devem ser cumpridos, no total, 15 mandados de busca de apreensão, dez mandados de prisão temporária, além de três conduções coercitivas. As medidas judiciais foram determinadas pela 10ª Vara da Justiça Federal no DF, todas as ações ocorrem em Brasília e arredores.
Ouvidos pelo Metrópoles, os advogados de Arruda, Paulo Emílio Catta Preta, e de Agnelo, Paulo Guimarães, informaram que estão tentando revogar os mandados de prisão.
*Com informações do Metrópoles
Foto: Arquivo/Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil