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A gestão Doria tende, principalmente, a trocar uma parte das pistas exclusivas por ciclorrotas, sem demarcação do espaço da bicicleta no asfalto. Dos atuais 468 km de ciclovias da cidade, 400 km foram abertos sob Haddad.
Da Redação com Informações da Folha
A gestão João Doria (PSDB) fará mudanças em ciclovias implantadas pelo ex-prefeito Fernando Haddad (PT), como remanejamentos e troca de parte das pistas exclusivas por ciclorrotas -caminhos sem a separação das bicicletas do restante do tráfego.
A primeira região a receber alterações será a Vila Prudente, na zona leste, onde a proposta deve ser apresentada a partir deste mês ao prefeito regional e aos ciclistas. O secretário Sérgio Avelleda (Transportes) sinaliza também uma outra ciclovia que deve passar por mudanças: a da rua da Consolação, no centro, apontada por ele como extremamente arriscada na descida (leia mais abaixo).
As alterações são polêmicas porque a implantação de ciclovias foi uma das bandeiras da gestão Haddad, com apoio de cicloativistas. A gestão Doria diz não saber quantas sofrerão ajustes e que haverá ampla discussão de alternativas. Dos atuais 468 km de ciclovias da cidade, 400 km foram abertos sob Haddad.
A gestão Doria tende, principalmente, a trocar uma parte das pistas exclusivas por ciclorrotas, sem demarcação do espaço da bicicleta no asfalto, mas com sinalização, velocidade reduzida e lombofaixas que permitam melhor convivência com os demais veículos no trajeto. Além disso, são cogitadas mudanças no posicionamento de algumas ciclovias ao longo das vias.
"Houve construção de ciclovias muito boas, outras boas e outras que fazem muito pouco sentido. Queremos substituir essas últimas por ciclorrotas que de fato levem ao aumento do número de ciclistas", afirma Avelleda. "Há ruas tão calmas que não faz sentido segregar a bicicleta."
A implantação de ciclorrotas chegou a ser feita na gestão Gilberto Kassab (PSD), mas sem grande adesão nem impacto. A assessoria de Haddad não quis se manifestar.
Para o consultor em engenharia de tráfego Sérgio Ejzenberg, não é necessário segregar a bicicleta quando a velocidade da via é de até 40 km/h, por exemplo. "Ciclorrotas são mais benéficas inclusive do ponto de vista educativo, por mostrarem que bicicletas podem dividir espaço com carros mesmo fora de ciclovias."
Para Rene Fernandes, da Ciclocidade (Associação dos Ciclistas Urbanos de SP), "seria um retrocesso" a diminuição das ciclovias. Para ele, as ciclovias são a "única garantia" de segurança dos ciclistas. "As ciclorrotas só seriam efetivas se forem acompanhadas de medidas eficientes de redução do limite de velocidade e mecanismos de acalmamento do trânsito", afirma.