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No artigo desta semana em sua coluna na Fórum, o professor Leandro Seawright critica, mais uma vez, a ação intimidatória do vereador do MBL, Fernando Holiday, de fiscalizar escolas. "Querendo recriar o discurso anticomunista da Guerra Fria – Holiday acaba de descobrir a Guerra Fria (nossos efusivos “parabéns”) – o vereador desrespeita os professores de São Paulo e do Brasil. Desrespeita intelectualmente!"
Por Leandro Seawright*
Estamos assistindo a um embuste violento, a uma enganação: ao requerer a supressão da “liberdade de ensino e aprendizagem” (quer pauta mais liberal do que a das liberdades?), dos professores que dialogam com uma pluralidade de ideias, o vereador Fernando Holiday armou uma cilada simples de ser desarmada. Simples, porém, perigosa dado o grau de investidas fiscalizadoras sobre os professores de São Paulo.
Qual é a cilada?
É a retórica da “doutrinação ideológica”. Porque ele nega aquilo que afirma: não há pessoas mais propensas à doutrinação ideológica do que os que defendem a “Escola Sem Partido”. Tudo tem partido: até a omissão, a apatia, a negação, a armação, a fiscalização, a enganação.
Querendo recriar o discurso anticomunista da Guerra Fria – Holiday acaba de descobrir a Guerra Fria (nossos efusivos “parabéns”) – o vereador desrespeita os professores de São Paulo e do Brasil. Desrespeita intelectualmente! Ele acha que não sabemos que ele é partidário de uma “Escola Com Partido”.
Holiday está contra a classe dos professores de São Paulo.
Nós somos muitos e estamos juntos.
Aprendi com os judeus de que não se fere um judeu, fere-se todos os judeus. Sinto que nós, professores, somos assim: mexeu com um, mexeu com todos!
Mas, vamos lá:
Temos isso em comum com Holiday: todos nós, assim como o vereador, somos a favor de uma Escola Com Partido. Sem hipocrisia, porém. Hipocrisia, aliás, da língua grega “?????????”. O que significa? De saída significava “representar um papel”, “fingir”; no sentido ruim, quer dizer que se está representando um personagem que não se sustenta. Que é obra retórica. Voltemos:
- Nós, professores, acreditamos no partido da liberdade docente, pedagógica. Eles acreditam no partido da censura (como censores, querem impedir ideias).
- Nós, professores, acreditamos no partido do ensino plural – do liberalismo ao marxismo. Eles acreditam no partido de visão única, míope, ultraliberal.
- Nós, professores, acreditamos no partido do aluno que aprendeu a pensar com qualidade. Eles acreditam no partido daqueles que pensam “dorianamente” – como eles mesmos.
- Nós, professores, acreditamos no partido de crítica a todos os partidos políticos – da direita à esquerda. Eles acreditam no partido da raiva contra as esquerdas, contra os diferentes, contra as minorias.
- Nós, professores, acreditamos no partido da democracia. Eles acreditam no partido da vigilância, da fiscalização.