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Lula disse ainda que chegou a acreditar que, pelo refinamento intelectual que o cargo exige, os agentes da Lava Jato não dariam prosseguimento ao processo contra ele
Da Redação*
Em encontro com artistas e intelectuais neste sábado (9), em um hotel em Copacabana, no Rio, Lula disse que o juiz Sergio Moro "é do mal".
Cerca de cem pessoas participaram do encontro. Entre eles, o cineasta Luiz Carlos Barreto, a atriz Cristina Pereira, o ator Tonico Pereira e a filósofa Marcia Tiburi, além dos ex-ministros Franklin Martins, Celso Amorim, Luiz Dulci e José Gomes Temporão.
No encontro, Lula disse que chegou a acreditar que, pelo refinamento intelectual que o cargo exige, os agentes da Lava Jato não dariam prosseguimento ao processo contra ele. Também disse que esperava que, ao receber a denúncia contra ele, Moro recomendasse que os procuradores fossem estudar, ou que, aberto o processo, fosse absolvido.
"Mas não. O cara é do mal", afirmou. O ex-presidente já tinha dito nesta semana achar que o magistrado de Curitiba "é surdo" e que não ouve o que ele fala.
Na reunião deste sábado, Lula justificou a necessidade de alianças para garantir governabilidade. Ele disse que, mesmo que se eleja sozinho, um político terá que "fazer as contas" para governar.
Afirmou ainda que o ideal para um governante é que seu partido eleja 513 deputados e 81 senadores. Depois brincou, afirmando que, se isso acontecesse no PT, no dia seguinte o partido teria 40 tendências.
"Se for necessário eu ser de esquerda, sou mais que muita gente. Mas não sou burro. Não sou 'principista'", afirmou Lula, dizendo ainda que "política não se aprende na universidade".
Essa foi uma resposta ao ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), que, pouco antes da fala de Lula, disse esperar que o ex-presidente dê um "passinho para a esquerda nas próximas eleições".
Em sua intervenção, Haddad arrancou gargalhadas ao descrever a cara de espanto do ex-presidente americano George W. Bush ao ouvir do intérprete o que Lula acabara de dizer: que ainda não haviam encontrado o "ponto G" da relação Brasil e Estados Unidos.
Ao defender seu espírito conciliador, Lula se definiu como um "ponto G" na política. Pouco antes de encerrar seu discurso, ele disse que encontrará o "ponto G" da vontade do povo brasileiro.
Aos intelectuais, disse ser necessário que se fale a linguagem do povo na disputa. Afirmou, por exemplo, que, em uma favela, não precisa falar apenas em armamento como solução para segurança. Mas também em emprego e educação, além de formação policial.
"O policial mais bem formado não vai sair atirando no primeiro negrinho que ele vê", afirmou.
Lula defendeu o aquecimento do mercado interno como saída econômica. "Mais uma vez os pobres vão salvar o país."
Ele disse, porém, que nada disso será possível sem que ganhem as eleições. "A gente só vai mudar se a gente ganhar."
*Com informações da Folha
Foto: Agência Brasil