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Ex-executivos da empreiteira citaram repasses de aproximadamente R$ 10,3 milhões ao governador paulista, do PSDB, nas campanhas eleitorais de 2010 e 2014, nas quais ele saiu vencedor.
Da Redação*
A Procuradoria-Geral da República (PGR) ainda não abriu inquérito sobre as delações dos ex-executivos da empreiteira Odebrecht, Carlos Armando Paschoal, Arnaldo Cumplido de Souza e Benedicto Júnior, que citaram repasses de aproximadamente R$ 10,3 milhões ao governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), nas campanhas eleitorais de 2010 e 2014, nas quais ele saiu vencedor.
As delações foram tornadas públicas em abril deste ano, mas, passados sete meses, nenhum citado foi ouvido e nenhum procedimento investigativo foi realizado. De acordo com os delatores, o dinheiro da propina vinha de contratos de obras com a Sabesp e com a Linha 6-Laranja do Metrô paulista.
“Justamente num tempo em que a Justiça brasileira diz querer acabar com a corrupção, por que alguns têm a vida revirada e outros são esquecidos?”, questionou o deputado estadual Alencar Santana Braga (PT), que se reuniu em Brasília com o vice-procurador-geral, Luciano Mariz Maia. Além de Braga, participaram do encontro os deputados federais Paulo Teixeira, Valmir Prascidelli e Nilto Tatto, todos do PT.
“Mariz Maia informou apenas ter havido a abertura de um procedimento conhecido como ‘Notícia de Fato’, que segue em sigilo, mas na prática não tem valor legal relevante, sendo apenas de caráter interno. A PGR informou não ter recebido do Supremo Tribunal Federal (STF) os anexos das delações que continham as informações envolvendo Alckmin e, dessa forma, não conseguiriam investigar. Ou seja: nada foi feito e Alckmin segue imune e ileso”, criticou o parlamentar paulista.
De acordo com os delatores, Alckmin recebeu R$ 2 milhões em caixa dois na campanha ao governo paulista em 2010. E R$ 8,3 milhões na campanha de 2014. Segundo Carlos Armando Paschoal, em 2010 o acerto foi feito com Aluízio Araujo, então membro do conselho de administração da Odebrecht, morto em 2014. A propina teria sido negociada pelo próprio Alckmin, em seu escritório na Avenida 9 de Julho. Ele indicou o cunhado, Ademar Ribeiro, para coordenar as entregas em parcelas de R$ 100 mil ou R$ 200 mil.
Já Benedicto Júnior disse que um dos pagamentos de propina, de R$ 1,5 milhão, estava relacionado a uma obra da Sabesp. A maior parte dos valores restantes estaria vinculada aos contratos de construção da Linha 6-Laranja (São Joaquim-Brasilândia) do Metrô, cuja licitação foi vencida pela Odebrecht. Em 2014, os pagamentos teriam sido feitos ao secretário de Estado do Planejamento, Marcos Monteiro, tesoureiro da campanha do governador em 2014. Ele era identificado como “MM-Partido” nas planilhas de propina da Odebrecht, entregues pelos delatores.
O ex-prefeito de Santos e ex-diretor da Sabesp João Paulo Papa (PSDB), atualmente em mandato como deputado federal, teria recebido R$ 300 mil em sua campanha. Todos os citados negam irregularidades.
Para o deputado paulista, a situação evidencia a seletividade do Ministério Público e da justiça no combate à corrupção. “A PGR não ter feito nada em relação à delação contra Alckmin demonstra o quanto age com seletividade, contra quem quer e da forma como quer. Não há sentido ter passado meses após a delação e sequer ter aberto inquérito. Nem o básico foi feito. Cunhado, secretário e outras pessoas não foram chamadas a deporem, como então descobrir se a delação é verdadeira ou falsa?”, questionou.
*Com informações da Rede Brasil Atual
Foto: Agência Brasil