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Os mesmos "bolsominions" que destilam ódio diariamente nas redes sociais se empenharam para eleger, em uma votação online, Eduardo Bolsonaro como o "melhor deputado" do Congresso em 2017. Em seu discurso, para variar, atacou a esquerda, o feminismo, chamou membros do MST de "terroristas" e continuou batendo na tecla retórica da "ideologia de gênero"
Por Redação
Os chamados "bolsominions", adoradores de Bolsonaro e propagadores de discurso de ódio nas redes sociais, estão em cada vez mais número e conseguiram, através de uma votação online, eleger Eduardo Bolsonaro (PSC-SP) como o "melhor deputado" no prêmio Congresso em Foco 2017. Terceiro colocado na última edição, em 2015, Eduardo recebeu desta vez 55.256 votos, quase o triplo da votação do segundo colocado, Jean Willys (PSOL-RJ), que ficou com 20.776 votos. O terceiro mais votado foi o também deputado pelo PSOL do Rio de Janeiro, Chico Alencar, com 18.072 votos. O resultado foi anunciado na noite desta quinta-feira (19), na festa do Prêmio Congresso em Foco 2017.
Em seu discurso, o deputado direitista disse que escolha de seu nome foi democrática e manteve seu tradicional discurso retórico e populista de que representa a "família brasileira" e que luta contra a "erotização precoce de nossas crianças", uma bandeira criada pelo seu pai baseada em mentiras e boatos. Há anos que Bolsonaro vem tentando convencer a população de que o governo Dilma Rousseff tinha a intenção de distribuir para crianças em escolas o "kit gay", uma cartilha que incentivaria as crianças à homossexualidade - o que na verdade não passa de uma mentira sobre uma cartilha que trata sobre diversidade sexual e combate à homofobia, aprovada pelo MEC.
“Venho aqui representar a família brasileira, pois eles me apoiaram até aqui. Estamos aqui para fazer com que não ocorra a inversão, os homens da segurança pública sejam tratados como algozes e os bandidos como heróis”, disse, praticamente como um porta-voz de seu pai. Na mesma fala, como não podia deixar de ser, Bolsonaro atacou a esquerda, as feministas, chamou membros do MST de "terroristas" e saudou os militares da ditadura instaurada no Brasil em 1964.
"Saúdo os militares de 64 por terem impedido que fosse implementada uma ditadura comunista no Brasil", disse o deputado, sob vaias, sobre o regime que torturou e matou centenas de pessoas. Mais uma vez, espelhou seu pai, que ao votar pelo impeachment de Dilma Rousseff em 2016, fez apologia à tortura ao saudar Brilhante Ustra, torturador assumido da ex-presidenta petista.
Assista ao discurso na íntegra:
Outros vencedores do prêmio
Jean Wyllys (PSOL-RJ) - 2º lugar - Jornalista, professor e mestre em Linguística e Letras, Jean Wyllys foi o primeiro homossexual a se eleger deputado federal com a defesa da causa gay, em 2010. Entre suas principais bandeiras temáticas estão o combate à homofobia, à intolerância religiosa, à exploração sexual infantil, ao trabalho escravo e à violência contra a mulher. Militante na defesa da educação, dos direitos humanos e das minorias, o parlamentar já foi considerado o melhor deputado em três edições do prêmio na votação da internet.
Chico Alencar (PSOL-RJ) - 3º lugar - Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), historiador e mestre em Educação, Chico Alencar é deputado federal desde 2003. Trocou o PT pelo PSOL, em 2005, na crise do mensalão, por discordar dos rumos do partido. Entre suas principais bandeiras, está a defesa da ética na administração pública, dos direitos humanos e da educação. Aos 68 anos, foi apontado entre os melhores parlamentares em todas as edições do Prêmio Congresso em Foco, desde sua criação, em 2006.
Alguns fatos curiosos surgem nessa lista: dos 20 parlamentares que aparecem no ranking, 13 são de partidos mais à esquerda e 7 mais à direita. E desses 7, tem um palhaço, dois delegados, um major e um capitão.
*Com informações do Congresso em Foco
Infográfico: Adilson Secco
Foto: Agência Câmara e Reprodução/Youtube
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