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Durante evento em São Paulo, ex-presidente lembrou das políticas de seu governo de combate à fome e criticou a ideia de Doria de alimentar os pobres com uma espécie de ração para humanos: "Não se dá nem pro cachorro"
Por Redação
Em um evento a militantes do PT realizado na tarde desta segunda-feira (16) em Ferraz de Vasconcelos (SP), o ex-presidente Lula criticou o projeto anunciado pelo prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), de alimentar as pessoas mais pobres da cidade com um granulado processado a base de restos de alimento, uma espécie de "ração humana".
"Sinceramente, eu já vi muita coisa nesse país, mas um representante da elite pegar resto de comida e mandar fazer uma ração que não se dá nem pra cachorro, e acha que o pobre tem que comer aquilo, é não respeitar as pessoas mais humildes desse país”, disse Lula. A fala se deu no momento em que o ex-presidente resgatava as políticas de combate à fome que capitaneou e que foram o carro chefe de seu primeiro mandato.
No mesmo discurso, o petista confirmou mais uma caravana, desta vez em Minas Gerais. "Nós precisamos mostrar para o povo brasileiro o que está acontecendo nesse país. A gente tinha uma presidente eleita pelo voto popular, até que a Globo e outros veículos começaram a jogar a culpa de todas as desgraças na Dilma (Rousseff), prometeram que era só tirar o PT do governo e tudo melhorava, e o que aconteceu?", questionou o ex-presidente antes de enumerar retrocessos do governo Temer. Entre eles, a política de privatizações e a retirada de direitos trabalhistas.
"Vão vender em benefício de quem? Se for para o povo pobre, eu me calo, mas não é. É em benefício dos ricos de sempre. Acabaram com os direitos trabalhistas que conquistamos em 1943. Falam que o ‘custo Brasil’ é muito alto, mas compara quanto ganha o trabalhador brasileiro com o americano ou alemão. Na verdade, o que eles querem é que trabalhador não tenha mais direito", pontuou.
Aplaudido pela público presente, que lotou o auditório onde estava montado o palanque, o petista tratou ainda, entre inúmeros outros assuntos, sobre economia.
"Por que o governo pode emprestar dinheiro pra empresário e não pode emprestar pra pobre estudar? (...) Eu não aprendi economia na universidade. Respeito muito quem aprendeu. Mas eu aprendi com uma mãe analfabeta que conseguiu criar oito filhos. Eu peguei esse país quebrado e paguei a dívida com o FMI. Esse país é possível", disse.
Ao final, Lula ainda mandou recado aos seus adversários sobre uma possível manobra jurídica para que ele não possa ser candidato em 2018.
"Queria terminar dizendo uma coisa. Perdi a eleição em 82, em 89, em 94, em 98 e voltei quieto pra casa. E eles perderam uma e deram golpe. Vou completar 72 anos. Eles podem ganhar de mim outra vez. Eu aceito. Mas sacanagem jurídica não. Vamos pra eleição, quem ganhar leva", concluiu.
Foto: Ricardo Stuckert