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"O senhor vai dar um show", disse um deputado governista ao relator Bonifácio Andrada (PSDB-MG) logo que ele chegou à Câmara. Andrada recomendou o arquivamento da segunda denúncia contra Temer e afirmou que o MP tenta "criminalizar a política"
Por Redação
A romaria de Temer em receber deputados no Palácio do Jaburu, fazer acordos e liberar emendas parlamentares para se livrar da segunda denúncia a ser analisada na Câmara já começa a surtir efeito. Nesta terça-feira (10), dia em que a denúncia por organização criminosa e obstrução da Justiça está sendo analisada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, o relator do parecer sobre a denúncia, deputado Bonifácio Andrada (PSDB-MG), foi recebido com festa pela base governista.
"O senhor vai dar um show, vai honrar a política mineira", disse Abi-Ackel a Andrada na entrada da Câmara.
Os governistas tinham certeza do que se concretizou há pouco. Andrada leu o seu relatório em que recomendou o arquivamento da denúncia contra Temer, atacando o Ministério Público, a Polícia Federal e alegando falta de provas.
Em seu relatório, Andrada mal cita a denúncia em si e se limita apenas a atacar o Ministério Público e a Polícia Federal, até mesmo por conta do "tratamento" que dão a Temer na denúncia.
"Basta verificar que nesses autos a Presidência da República não é tratada com a devida reverência", disse o deputado, que acusou o Judiciário de querer "criminalizar" a política.
O parecer de Andrada inclui ainda as denúncias contra os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral), acusados dos mesmos crimes de Temer. Ao recomendar o arquivamento da denúncia, o deputado entende que os ministros, assim como o presidente, também não cometeram crimes.
"Fixada a ausência de elementos contra o presidente nas acusações, as acusações contra os demais membros da organização criminosa perdem sentido e se desarticulam", afirmou.
Após as considerações finais do relator, haverá tempos iguais para que a defesa dos acusados apresentem seus argumentos. Como é esperado um pedido de vista – com prazo de duas sessões do Plenário –, a votação da denúncia na CCJ só deve começar na próxima terça-feira (17).
Independentemente desse parecer analisado na CCJ, é o Plenário da Casa que decidirá se autoriza ou não a abertura de processo no STF contra Temer. Se condenado, Temer perde o cargo de presidente.
Em agosto, o Plenário da Câmara negou autorização ao STF para processar Temer por crime de corrupção passiva, objeto da primeira denúncia de Janot.