Pelo Twitter, a ex-candidata à presidência da República elogiou a conduta do juiz Sérgio Moro ao solicitar a prisão de Cunha, mas foi criticada por internautas, que apontaram a seletividade da operação Lava Jato. Juristas e cientistas políticos já denunciam irregularidades na detenção do peemedebista e falam em "preâmbulo" para a para a prisão de LulaPor Ivan Longo
Uma das mais controversas da história, a operação Lava Jato é, constantemente, alvo de elogios de boa parte da direita e de críticas de boa parte da esquerda brasileira. A diferença de análise da operação, que tem como objetivo "limpar o país da corrupção", se dá principalmente pela seletividade que pauta as operações de busca e apreensão e as prisões realizadas.
Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara e deputado cassado, por exemplo, tem em sua ficha uma série de denúncias, delações e processos, inclusive no exterior. As investigações contra o peemedebista, no entanto, avançaram apenas após a concretização do impeachment de Dilma Rousseff, que foi capitaneado por ele mesmo, ainda que na época as denúncias contra o parlamentar já fossem fortes o bastante para torná-lo inapto a conduzir tal processo. Cunha só foi preso pela Lava Jato, no entanto, nesta quarta-feira (19), meses e meses após a primeira denúncia.
"Cunha cumpriu seu papel ao protagonizar o golpe contra Dilma Rousseff e Sérgio Moro, assim como os agentes das investigações, seguem um padrão messiânico de atuação, no intuito de “limpar o Brasil”, mas podem ser colados de lado assim como o Cunha", disse à Fórum o cientista político Benedito Tadeu César, que apontou ainda que a prisão do ex-deputado abre um "preâmbulo" para a prisão de Lula. Ou seja, a detenção de Cunha neste momento serviria tão somente para os interesses de "legitimar" uma prisão, possivelmente ilegal, do ex-presidente da República.
Já há juristas, inclusive, apontando possíveis ilegalidades na prisão do ex-presidente da Câmara, o que endossa ainda mais a tese da seletividade da operação e de seu uso como instrumento político.
Boa parte dos políticos que fazem parte de partidos considerados de esquerda enxergam com cautela a prisão de Cunha exatamente pelos motivos acima expostos. Luciana Genro (PSOL), ex-candidata à presidência da República em 2014, vem sendo extremamente criticada, no entanto, por, enquanto figura que se coloca à esquerda, não reconhecer a seletividade da operação, que dificilmente chega a caciques de partidos como, por exemplo, o PSDB.
"Cunha na cadeia, vitória contra a corrupção! Viva a Lava Jato!", escreveu a psolista no Twitter.
A reação dos internautas foi imediata. De modo quase unânime, os usuários da rede social que interagiram com o post fizeram duras críticas e ironias a Luciana, que foi candidata à prefeitura de Porto Alegre nestas últimas eleições.
"Viva lava jato? peraí tbm..só vou gritar isso qdo ver um tucano preso. Pq já ignoraram depoimentos e documentos..", respondeu um internauta. Outros já foram para um lado mais agressivo: "Caiu do berço de cabeça, né, fia?"; "Viva a Lava Jato? WTF? Do jeito que vc está indo as pessoas vão pedir restituição do voto de 2014, anota ai".
Confira outras reações.
@lucianagenro Viva lava jato? peraí tbm..só vou gritar isso qdo ver um tucano preso. Pq já ignoraram depoimentos e documentos..
A @lucianagenro parece aquela tia véia que está sempre tentando se enturmar pra parecer mais legal.
— gab.ai/MissPolaca (@PolacaMiss) 19 de outubro de 2016