O Ministério Público de Minas Gerais pediu o arquivamento das investigações sobre as obras do aeroporto de Cláudio, a 150 km de Belo Horizonte, construído dentro da fazenda do tio-avô de Aécio Neves, quando este era governador do estado. Embora a área tenha sido desapropriada, quando a denúncia foi feita, em 2014, o aeródromo ficava sob controle da família do então presidenciável tucano
Por Altamiro Borges, em seu blogueA "Justiça" nativa vai confirmando a piada que circula na internet: basta se filiar ao PSDB para você não ser investigado, julgado, condenado e, muito menos, preso. Na semana passada, numa decisão absurda, o Ministério Público de Minas Gerais simplesmente pediu o arquivamento das investigações sobre o aeroporto na cidade mineira de Cláudio, que foi construído com recursos públicos pelo então governador Aécio Neves (PSDB-MG) dentro da fazenda do seu tio-avô, Múcio Tolentino. Os quatro promotores do caso consideraram que "não houve indícios de irregularidades na construção e no uso do aeroporto", segundo informou a Folha tucana, numa minúscula notinha no último sábado (8).
O escândalo só ganhou repercussão graças às eleições presidenciais do ano passado. Ele foi levado à rede nacional de rádio e tevê na campanha pela reeleição de Dilma Rousseff, que também detonou o cambaleante tucano num tenso debate televisivo. Pesquisa feita em Minas Gerais constatou que nem os mineiros conheciam a construção da pista em Cláudio, que sempre foi ocultada pela mídia chapa-branca local e nacional. A partir da denúncia, a própria imprensa foi obrigada a abordar o assunto. A Folha descobriu que as chaves do aeroporto ficavam nas mãos dos parentes de Aécio Neves e que os custos da construção foram acima de outras obras da mesma dimensão.
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Na ocasião, o PT entrou com representação na Promotoria para apurar o caso. Ele também solicitou que fosse apurado se houve superfaturamento na obra, que custou R$ 14 milhões aos cofres públicos de Minas Gerais. Agora, os promotores concluem que "nenhum item específico de superfaturamento no preço da obra executada foi aduzido pelos representantes em suas peças protocoladas" e pediram o arquivamento do inquérito. Diante desta decisão tão generosa, o PSDB solta rojões, afirmando que a decisão "demonstra a injusta exploração política que o tema teve durante a eleição de 2014". Ou seja: nenhum tucano vai para a cadeia e ainda posa, na maior caradura, de vestal da ética.
(Foto: Vinicius Gomes)