No sábado (9), setores tucanos divulgaram nota em que "solicitam" que a bancada dos deputados do PSDB reveja a indicação do ex-oficial da Rota. Bancada da minoria questionará presidência da Casa
Por Eduardo Maretti, da Rede Brasil Atual
A indicação do deputado tucano Coronel Telhada para a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo não contrariou apenas os partidos de oposição ao governador Geraldo Alckmin, correligionário do ex-oficial da Rota. No sábado (9), a Juventude do PSDB em São Paulo divulgou nota em que solicita que a bancada reveja a indicação "em respeito ao compromisso histórico do partido com o tema". O documento é assinado em conjunto com movimentos que atuam em assuntos de raça, LGBT e outros.
"A Juventude Estadual do PSDB, o Tucanafro, a Diversidade Tucana e o PSDB Esquerda para Valer, conjuntamente, através dessa nota, solicitam que a bancada dos deputados do PSDB reveja a indicação do Coronel Telhada para a Comissão de Direitos Humanos em respeito ao compromisso histórico do partido com o tema", diz o texto.
O presidente do Diversidade Tucana estadual, Wagner Tronolone, afirmou que Telhada já fez declarações consideradas de cunho homofóbico pelo próprio PSDB e disse que a sigla tinha nomes melhores para indicar para a comissão. "Tem declarações dele que o próprio partido considerou homofóbica. Isso vai contra o programa do PSDB", disse Tronolone.
A líder da minoria na Assembleia Legislativa de São Paulo, deputada estadual Beth Sahão (PT), se reúne nesta terça-feira (12) com o presidente da Casa, Fernando Capez (PSDB), para questionar a indicação do deputado tucano Coronel Telhada para a Comissão de Direitos Humanos. Telhada foi indicado por seu partido para o colegiado que se notabilizou, na última legislatura, presidida pelo ex-deputado Adriano Diogo (PT), por uma atuação importante, voltada à defesa dos direitos humanos.
Beth Sahão vai dizer a Capez que a presença de Telhada na comissão é uma “afronta”. “Pleitear é um direito de todos nós, só que temos a consciência de que a presença dele nessa comissão não vai se traduzir na defesa do que a gente vem conquistando a duras penas nessa área de direitos humanos no Brasil e no estado de São Paulo”, afirma.
O PT busca um acordo que mantenha o partido na presidência do colegiado na nova legislatura. Mas a tarefa ficou mais difícil pelo fato de a bancada da legenda (e da própria oposição) estar menor do que na legislatura passada. O PT tem hoje 14 deputados, ante 22 na legislatura encerrada em março.
Em caso de negociações levarem um petista à presidência da comissão, a própria Sahão seria forte candidata. Entre os governistas, o deputado Carlos Bezerra Jr., que tem bom trânsito entre setores “progressistas do PSDB” e também bom diálogo com a oposição, é um nome que agradaria alas mais arejadas dentro do próprio PSDB.