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Em discurso na Câmara, Cabo Daciolo (Psol-RJ) contestou prisão de policiais envolvidos no caso e disse que "estão respondendo por crime que não cometeram"; horas após pronunciamento, Psol carioca pediu que parlamentar seja expulso do partido
Por Anna Beatriz Anjos
[caption id="attachment_60584" align="alignleft" width="300"] Cabo Daciolo é bombeiro e se destacou ao ocupar posição de liderança durante as manifestações da classe em 2011 (Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)[/caption]
O deputado federal Cabo Daciolo (Psol-RJ) voltou a causar polêmica e constrangimento a seu partido na última quinta-feira (19), após defender, em discurso na Câmara, os policiais militares acusados de assassinar o ajudante de pedreiro Amarildo Dias de Souza em 2013, na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro.
Na sessão plenária, Daciolo contestou a prisão de doze dos policiais envolvidos no caso e disse que, neste final de semana, irá ao presídio para visitá-los. "Estou falando do caso Amarildo, onde eu tenho 25 militares respondendo por um crime que não cometeram, doze destes estão presos e um faleceu dia 13. Cardíaco, morreu, adquiriu problemas cardíacos na prisão. Chefe de família, com um filho de 7 meses, uma criança", afirmou. "E quero deixar bem claro: vamos solicitar [na visita] a presença dos Direitos Humanos da Presidência da República".
Horas após as declarações do parlamentar, o Psol do Rio de Janeiro divulgou nota pedindo sua expulsão da legenda. "Respeitamos os eleitores do cabo Daciolo, mas entendemos que o mandato dele não cabe no PSOL", diz o texto, que ainda cita outros episódios controversos em que ele esteve envolvido, como a foto ao lado de Jair Bolsonaro (PP-RJ) e criação de PEC contra a laicidade do Estado.
O diretório estadual carioca considera, ainda, que o pronunciamento realizado ontem pelo deputado "não é produto do erro, mas uma decisão deliberada, com o claro objetivo de desprestigiar o Psol". Frente a isso, solicita, além do imediato afastamento do deputado dos quadros da sigla, que o diretório nacional acate o pedido de expulsão.
A saída de Daciolo já havia sido pedida há pouco mais de uma semana, quando ele comunicou que apresentaria proposta para modificar a Constituição, de forma que determine “que todo o poder emana de deus”, e não do povo, como é atualmente. À ocasião, Renato Cinco, vereador do Rio de Janeiro pelo Psol, declarou que a permanência do parlamentar no partido seria "uma contradição insolúvel".
Nesta sexta-feira (20), o presidente nacional do partido, Luiz Araújo, se manifestou por meio nota. De acordo com ele, as declarações de Daciolo sobre os PMs envolvidos na morte de Amarildo "representam uma afronta às posições do Psol". "Convocamos o parlamentar para prestar esclarecimentos à Executiva Nacional do PSOL, a partir do que tomaremos as medidas pertinentes à luz de nosso estatuto", adiciona o informe.
(Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
*Atualizada às 16h30.