Um governo, seja ele qual for, eleito pelo Partido dos Trabalhadores e por outros partidos de esquerda, especialmente no caso da reeleição da presidenta Dilma no segundo turno, não pode, em hipótese alguma, jogar o peso da crise econômica – criada sobretudo por ganância de especuladores financeiros – nas costas do povo pobre e trabalhador
Por Francisco Rocha*
Terminados os festejos de carnaval, começa a vida real do povo brasileiro.
Com certeza, a partir de hoje as atenções estarão novamente voltadas para o cotidiano e a vida política. Recomeçam a todo vapor os trabalhos do Congresso Nacional, do Executivo, da Justiça e outros órgãos institucionais.
O Executivo deve encaminhar ao Congresso Nacional várias medidas de cunho de gestão política, visando retomar a ação da economia e avançar em propostas sociais. Por sua vez, o Legislativo além de encaminhar para discussão e votação as medidas do poder Executivo, também deverá criar, discutir e votar sua própria pauta. Já o Judiciário estará voltado para centenas de milhares de processos que cada vez mais se acumulam no âmbito de suas responsabilidades.
Os partidos com certeza irão se movimentar já se preparando para as eleições municipais de 2016.
Este será um ano de uma pauta política e social bastante agitada e complexa. As entidades dos trabalhadores, em conjunto com partidos de esquerda, vão se mobilizar para garantir os direitos conquistados pela classe trabalhadora nos últimos 12 anos e, neste momento, ao mesmo tempo, o PT terá um papel atuante e propositivo e terá que dar apoio ao governo da presidenta Dilma.
É preciso manter diálogo constante com as classes sociais, movimentos sindicais ao lado daqueles que em boa parte foram os principais responsáveis pelo crescimento do partido e sustentação dos governos Lula e Dilma.
Reconhecemos as dificuldades que o Brasil e o mundo passam em relação à economia, mas chegou a hora de nos mobilizarmos para fazer com que o preço da crise econômica do Brasil seja pago por aqueles que acumularam grandes fortunas às custas da mão de obra da classe trabalhadora.
A Constituição Brasileira garante que sejam taxadas as grandes fortunas dos ricaços no Brasil e temos de abrir uma grande discussão sobre grandes heranças, já que, grande parte delas foram acumuladas a partir de ganhos muitas vezes ilícitos, surrupiados do Estado brasileiro.
As famílias patriarcais não tinham e jamais terão condições de, com o trabalho na produção e na renda, acumular grandes fortunas como vários acumularam no Brasil.
Está aí o "X" da questão: O PT, que nasceu do meio das classes sociais dos pobres, operários, comunidades, não pode sair dos trilhos da esquerda. Um governo, seja ele qual for, eleito pelo Partido dos Trabalhadores e por outros partidos de esquerda, especialmente no caso da reeleição da presidenta Dilma no segundo turno, não pode, em hipótese alguma, jogar o peso da crise econômica – criada sobretudo por ganância de especuladores financeiros – nas costas do povo pobre e trabalhador.
A reeleição da presidenta Dilma se deve à participação da mobilização efetiva dos jovens ou não jovens de vários setores, mas de esquerda e progressistas que mesmo não fazendo parte do PT foram para as ruas defender um projeto de inclusão social que já estava em andamento com sucesso, reconhecidamente a nível internacional nos últimos 12 anos.
Doa a quem doer, o PT precisa assegurar para esta camada da população que seus esforços não foram em vão. É preciso mostrar para o povo, que não haverá desvio, e que o partido e o governo se manterão nos trilhos a qualquer custo, comprometidos com os direitos sociais e orientados pela ideologia de esquerda.
(*) Francisco Rocha, o Rochinha, é presidente da Comissão de Ética do Partido dos Trabalhadores
(Foto: Roberto Stuckert)