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Com desempenho sofrível nas pesquisas, o presidenciável pode ter uma votação menor que a de todos os candidatos do PSDB desde Covas em 1989
Por Glauco Faria
No futebol, quando um técnico acumula derrotas sucessivas e boatos começam a duvidar de sua permanência no cargo, eventualmente vem um diretor e diz que confia no trabalho do treinador. Antes, usava-se o termo “prestigiado” para o comandante que estava nessa situação, mas o termo acabou associado – corretamente – a um futuro anúncio de demissão.
A coletiva de Aécio Neves hoje lembrou um pouco o técnico que balança no cargo. Diante de especulações de que ele poderia renunciar à candidatura à presidência, o tucano convocou a imprensa em São Paulo para dizer que permanece na disputa. "Vou lutar até o último instante", bradou na entrevista, como quem busca fugir do rebaixamento. FHC, como os cartolas do futebol, ficou ao seu lado, e refletiu: "já vi muito sobe e desce em campanha".
O fato é que o processo de cristianização de Aécio já está em andamento. Em São Paulo, por exemplo, Geraldo Alckmin colocou o vice do PSB, Beto Albuquerque, para dar seu depoimento no horário eleitoral do candidato à reeleição, citando Marina Silva e Eduardo Campos. O presidenciável tucano só deu as caras no programa nesta segunda-feira (1), após reclamações de sua equipe. Em Minas Gerais, Aécio vê seu candidato, Pimenta da Veiga, em segundo lugar, distante do líder nas pesquisas, o petista Fernando Pimentel.
“Re-candidato”, o senador pode ter uma performance negativa histórica para um presidenciável peessedebista. Em 1989, Mário Covas teve 10,78% dos votos totais em uma eleição que tinha pesos pesados da política nacional. Após os oito anos de FHC, José Serra, mesmo tendo que defender um governo com baixos índices de popularidade, anotou 23,19% dos votos válidos e 31,26% em 2010. Alckmin, em 2006, teve expressiva votação no primeiro turno, com um Lula ainda à sombra do chamado mensalão, chegando a 41,64% no primeiro turno. O vexame tucano se deu no turno final, quando o atual governador de São Paulo teve menos votos do que na primeira volta, 39,17% dos válidos.
Com desempenho sofrível nas pesquisas, Aécio já acena para uma votação menor que a de todos os presidenciáveis do PSDB desde Covas, lembrando que, em 1989, o partido disputava sua primeira corrida ao Planalto, cenário bem distinto do atual, já que a agremiação teve dois mandatos na presidência além de ter conquistado estados importantes no país.
Em tempo: três técnicos de alguns dos maiores clubes do Brasil caíram nos últimos quatro dias. Não foi hoje a vez de Aécio.