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Aécio Neves mais uma vez foi ofuscado no encontro entre os candidatos à presidência
Por Igor Carvalho
Nesta segunda-feira (1), aconteceu mais um debate entre os presidenciáveis, promovido pelo SBT, em parceria com a Jovem Pan, Folha de S. Paulo e UOL. Participaram do confronto a presidenta e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB), Aécio Neves (PSDB), Luciana Genro (PSOL), Levy Fidélix (PRTB), Eduardo Jorge (PV) e Everaldo (PSC). O debate foi dividido em cinco blocos. Intercaladamente, candidatos foram perguntados por seus oponentes no pleito eleitoral e, depois, questionados por jornalistas.
Desde o princípio, o candidato Aécio Neves foi esquecido pelas candidatas Dilma Rousseff e Marina Silva, que preferiram perguntar umas à outra. Restou ao tucano duelos com Eduardo Jorge e Luciana Genro, além de uma constrangedora pergunta ao candidato do PSDB, feita pelo jornalista Kennedy Alencar, sobre corrupção. Economia foi o tema mais recorrente no debate.
Primeiro bloco
Dilma Rousseff perguntou para Marina Silva onde ela irá arranjar os recursos para financiar suas promessas de campanha. A candidata do PSB citou o “desperdício muito grande dos recursos públicos, inclusive em projetos que estão desencontrados”. Insatisfeita com a resposta, Dilma ironizou a ambientalista: “A senhora falou, falou, mas não respondeu a pergunta de onde vem o dinheiro”.
Eduardo Jorge perguntou à Dilma sobre o sistema penitenciário, que classificou como “barbárie”. Dilma concordou com o termo empregado pelo candidato do PV e falou que seu governo disponibilizou R$ 1 bilhão para a construção de novos presídios, mas “os governos estaduais têm encontrado dificuldades em instalar essas penitenciárias, uma vez que os municípios muitas vezes não querem ter uma penitenciária no seu território".
Luciana Genro questionou Aécio Neves se a desvinculação do salário mínimo do reajuste dos aposentados aproxima PSDB e PT. O tucano respondeu: “Agora é importante, candidata, que nós reconheçamos o caminho que percorremos para chegar até aqui. A senhora certamente concordará comigo que o Brasil de hoje é um Brasil melhor do que era há 15 ou 20 anos, e este Brasil veio sendo construído com a responsabilidade e o trabalho de vários homens públicos e de vários partidos”.
A candidata do PSOL rebateu Aécio Neves em sua réplica. “O PSOL defende o fim do fator previdenciário e a revinculação do reajuste dos aposentados com salário mínimo. É inaceitável que o cidadão se aposente ganhando três salários mínimos e em poucos anos esteja ganhando apenas um. É preciso valorizar aqueles que trabalharam pelo Brasil”, afirmou.
Economia foi o tema da pergunta de Aécio Neves para Eduardo Jorge (PV). O tucano quis saber se o PT falhou no setor durante seus 12 anos de governo. “Sim, e esse é o legado que vai ser deixado para quem vai sucedê-lo. No nosso ponto de vista do PV, ao contrário da maioria dos candidatos aqui, os três do G 3, nós não concordamos que esse controle da inflação tenha que ser feito pela bolsa Selic”, respondeu.
Segundo bloco
O jornalista Fernando Rodrigues, do UOL, questionou Marina Silva se a ideia de “nova política”, difundida por ela, não contrasta com a cláusula de fidelidade que proíbe que seja revelada as empresas que contrataram a ambientalista para palestras que lhe renderam R$ 1,6 milhão nos últimos três anos.
Marina afirmou que separa a vida privada da pública e que não se importa que seja revelada quais foram as empresas que a contrataram. A candidata informou que chegou a dar 200 palestras gratuitas por conta de sua militância socioambiental.
Fernando Canzian, da Folha de S. Paulo, perguntou à Dilma sobre economia e quis saber se, depois de quatro anos, ela acha que o eleitor é incapaz de reconhecer as qualidades de seu governo, já que, segundo a última pesquisa do Datafolha, ela perde para Marina Silva no segundo turno.
“Eu considero que a queda na atividade econômica que nós estamos vivenciando é momentânea. Menos dias úteis e prolongamento da crise econômica têm um grande impacto. O mercado consumidor aumenta por conta do emprego e por conta do aumento de salários”, afirmou a presidenta.
Kennedy Alencar, do SBT, quis saber se o PSDB é conivente com a corrupção, lembrando uma série de casos em que o partido esteve envolvido em escândalos políticos sem ser penalizado, como o “trensalão tucano”, em São Paulo, o “mensalão tucano”, em Minas Gerais, e o caso de compra de votos para a reeleição no governo Fernando Henrique (PSDB).
Aécio não respondeu sobre os motivos para que os casos tenham sido investigados e preferiu atacar os petistas. “No caso do PT, houve uma condenação pela maior corte brasileira e, não que nós torcêssemos por isso, mas é uma condenação que tem que ser respeitada e a reação, na verdade, do PT não ajuda ao sentimento e ao entendimento, principalmente das novas gerações, de que existe uma mesma justiça para todos”, disse.
A presidenta Dilma apontou mecanismos que permitiram, segundo ela, ampliar a investigação de casos de corrupção. “A Polícia Federal promoveu 162 operações de combate à corrupção, lavagem de dinheiro e crime financeiro. Também no meu governo e do presidente Lula, a CGU ganhou status de ministério”, ressaltou.
Levy Fidelix se irritou quando foi perguntado, por Kennedy Alencar, se seu partido seria uma legenda de aluguel e que viveria de negociar candidaturas e atacou o jornalista. “Agora você, que é típico representante dessa mídia vendida, essa mídia que ataca, essa mídia exatamente que coloca a gente nas pesquisas lá embaixo, porque são pesquisas não testadas, não provadas, nem registradas, são apenas protocolizadas, é sim de aluguel, você se comporta como tal e alguns outros da própria mídia”. Em seguida, afirmou que Eduardo Jorge concordaria com ele.
Obrigado pelo regulamento a comentar a resposta de Fidelix, o candidato do PV arrancou risos e aplausos dos convidados e jornalistas. “Eu não tenho nada a ver com isso”, afirmou Jorge.
Terceiro bloco
Dilma abriu o bloco perguntando a Marina sobre a pouca atenção dada pela candidata do PSB ao pré-sal em seu programa de governo. “É preciso ir para onde a bola vai estar. E, na verdade, o mundo inteiro está numa corrida na busca de novas fontes de energia, que o Brasil é campeão, tem um grande potencial de geração de biomassa, de energia eólica, solar, inclusive negligenciadas durante o seu governo”, afirmou a ambientalista.
“Tu és a segunda via do PSDB?”, perguntou Luciana Genro a Marina Silva. Acuada, a ambientalista gaguejou, mas não negou a ligação programática com os tucanos. “Nós reconhecemos que a estabilidade econômica foi uma conquista da sociedade brasileira, que infelizmente foi negligenciada no governo da presidente Dilma”, respondeu a candidata do PSB, que tentou demonstrar ligação também com o governo petista, citando as “conquistas sociais do governo Lula”.
Marina quis saber de Dilma o que teria dado errado em seu governo, já que três em cada cinco famílias estão endividadas no Brasil. Sucinta, a presidenta afirmou que, em seu governo, foram tiradas 36 milhões de pessoas da pobreza e levadas 42 milhões de pessoas à classe média.
Já no final do bloco, Aécio quis saber se Dilma considera que Segurança Pública é de responsabilidade do governo federal. “Candidato, acho que você tem memória fraca. O governo federal deu um apoio financeiro para Minas Gerais criar 5668 vagas em 15 presídios, como Uberlândia, Ribeirão das Neves, Pará de Minas e Lavras”, respondeu a petista, lembrando os repasses feitos pela União ao estado governado pelo tucano.
(Crédito da foto de capa: Reprodução)