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Campanha eleitoral na televisão e no rádio estreou hoje com Dilma e Aécio polarizando o debate; Pastor Everaldo assume o papel da extrema direita e defende a união entre homem e mulher
Por Marcelo Hailer
Começou nesta terça-feira (19) a propaganda eleitoral na televisão e no rádio. Especialistas e os próprios candidatos acreditam que este é o grande momento de consolidar e angariar votos. E até mesmo decidir a eleição.
Os programas não fogem muito à regra das ultimas eleições apresentando, por exemplo, candidatos exaltando o fato de terem família, com a exceção do PSTU que não toca na questão da vida privada de Zé Maria. Para se ter uma ideia, a candidata Dilma Rousseff surgiu preparando um macarrão e com saudades da filha e do neto.
Essa exaltação da vida privada dos candidatos deixa implícito um tema um tanto complicado: para ser um bom governante, é necessário ter uma família feliz e constituída.
E se o problema é ter família, o candidato Pastor Everaldo estreia defendendo a família "da Constituição" (homem e mulher) e com o pastor Silas Malafaia pedido voto. Le Penn à brasileira.
A seguir, confira uma breve análise de cada programa.
Dilma Rousseff – Partido dos Trabalhadores (PT)
O programa da presidenta e candidata à reeleição pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Dilma Rousseff, inicia com uma narração em off dizendo que nos últimos anos “36 milhões de brasileiros saíram da miséria” e que “seguramente” os cidadãos não sentiram a pior crise econômica que atravessa o planeta. Ou seja, discurso afinado com o da presidenta e candidata.
Durante a narrativa de como o atual governo aplicou politicas que defendeu o Brasil do desemprego, aparecem famílias comprando no mercado, passeando em bosques, carteiras de trabalho sendo assinadas e pedreiros em obras, ou seja, alguns países até podem estar em crise, mas o Brasil segue incólume.
Na sequência, uma apresentadora diz que tudo está sendo possível por que todos os brasileiros estão juntos na construção de um Brasil melhor, porém, “uma mulher está tendo um papel decisivo nisso tudo...”. Surgem imagens da Casa da Alvorada e aí Dilma é mostrada como uma pessoa comum que lê, navega na internet e prepara macarrão. Logo depois, surge a presidenta no jardim afirmando que “não se pode se deixar abater por uma dificuldade” e que todo dia é necessário “matar um leão e subir e descer o Everest”.
Com ares cinematográficos e forte carga dramática, Dilma Rousseff é mostrada no meio do povo e em off narra como não permitiu que o Brasil fosse atingido pela crise financeira internacional.
O ex-presidente Lula surge na metade do programa afirmando que o seu segundo mandato foi melhor do que o primeiro e manda o seu recado para os indecisos, que somam, atualmente, 9% do eleitorado de acordo com sondagens, e diz que o segundo mandato de Dilma será melhor do que o primeiro. É de Lula, também, a missão de encerrar o programa com uma homenagem a Eduardo Campos, que morreu em acidente de avião na semana passada.
Com 11 minutos de tempo na televisão, o programa de Dilma Rousseff terá tempo de sobra para poder mostrar as suas realizações e propostas.
Aécio Neves – Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB)
A propaganda televisiva do candidato do PSDB, Aécio Neves, inicia com o postulante afirmando que a campanha “inicia com enorme tristeza e tragédia”, por conta do acidente que vitimou Eduardo Campos.
Após a homenagem, surgem uma imagem de uma favela e uma voz de rádio em off , aparecendo Aécio Neves utilizando o seu famoso slogan de que quer conversar com a população sobre o presente e o futuro. Em tom crítico, o tucano afirma que o país segue avançando nas ultimas décadas mas que o “Brasil de hoje está pior do que estava há quatro anos”, numa crítica direta a Dilma, mas poupando Lula. Afirma que as principais conquistas dos últimos anos “estão em risco”.
Aécio, que no programa aparece numa espécie de comunicação à nação por meio da televisão, diz que o problema não é dos “brasileiros, mas sim de quem governa” e avalia que “os brasileiros estão sozinhos tendo de se virar para resolver os seus problemas”.
O candidato do PSDB ainda se utiliza do discurso suprapartidário e diz que todos serão bem vindos em um eventual governo seu, mas que isso depende de um líder para o país e ele se apresenta como tal.
Aécio está propondo uma revolução operária?
Partido Socialista Brasileiro (PSB)
A oficialização de Marina Silva como candidata do PSB à presidência da República deve ser confirmada nesta quarta-feira (20), portanto, o programa da sigla iniciou com gravações onde Eduardo Campos aparece apresentando as suas propostas de um Brasil melhor. Campos surge andando no meio de populares e também dando declarações sobre o povo brasileiro.
Imagens de Eduardo Campos ao lado de Marina Silva na época da confirmação da chapa também foram utilizadas. Boa parte das imagens externas são da campanha de 2010, de acordo com legendas do vídeo.
O vídeo encerra com Eduardo Campos e sua família tirando uma foto. Na sequência, fotos dos outros passageiros do avião também aparecem como forma de homenagem.
Luciana Genro – Partido Socialismo e Liberdade (PSOL)
Com 59 segundos de tempo na televisão, a candidata do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Luciana Genro, utilizou o seu programa de estreia para se apresentar ao eleitorado.
O vídeo inicia com uma voz alertando ao cidadão de que ele tem uma opção,“tem o Psol”, slogan político do partido para fazer contraposição ao PT e ao PSDB, que há 20 anos polarizam o embate presidencial.
A narração em off apresenta a candidata Luciana Genro, informando que ela tem 43 anos, casada e mãe de um filho. Na sequência, faz uma rápida apresentação da sua carreira politica e depois descobre-se que a voz é do músico Marcelo Yuka, que utiliza o bordão da campanha: “Eu sou Marcelo Yuka e fecho com ela”.
Para fazer coerência com outro slogan do PSOL nesta eleição, a de que é um partido com vozes da rua, numa alusão à participação nas manifestações de junho, o vídeo apresenta imagens de manifestantes com o coro de que “o povo acordou”.
Por fim, a candidata surge no vídeo e avisa que vai, durante a campanha, apresentar propostas por uma “vida digna”, pois, hoje em dia, paga-se por tudo e por “um serviço ruim” e diz que é preciso “coragem para enfrentar os privilégios de uma minoria privilegiada” . Finaliza dizendo que “nada deve parecer impossível de mudar”.
Zé Maria – Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU)
Sob o slogan “Construir na luta um Brasil para os trabalhadores”, o programa, o único a não tocar na questão da vida privada e familista, do candidato Zé Maria, apresenta o PSTU como um partido que está nas “ruas e nas greves para mudar o país” e faz uma crítica aos principais candidatos (Dilma, Aécio e Marina), que governariam para os banqueiros e não ouvem a população.
Logo em seguida quem surge é o candidato Zé Maria, descendo a rua de uma favela e afirmando que é necessário “enfrentar os banqueiros e o empresários” para promover de fato mudanças no país e que só assim os cidadãos terão “empregos e salários decentes". E, para tanto, é preciso parar de “pagar a dívida pública, estatizar os bancos, as empresas privadas”, e assim constituir um governo dos trabalhadores e sem patrão.
Pastor Everaldo – Partido Social Cristão (PSC)
Assumidamente o candidato da extrema direita do Brasil, o programa do Pastor Everaldo tem início com o famoso pastor Silas Malafaia pedindo voto. “Para um Brasil forte, precisamos de famílias fortes”, diz Malafaia. Logo depois surge o candidato e, como imagem de fundo, temos a foto de uma família branca e heterossexual, deixando bem claro a que veio.
Prontamente já diz que defende a vida desde a sua concepção (contra o aborto), que é contra as drogas e que defende a família como está na Constituição brasileira (homem e mulher) e afirma que é candidato a presidente por que “não aguenta mais a inversão de valores”, mais uma vez fazendo alusão aos temas já citados.
Mas o pastor também fala de economia e afirma que vai “passar tudo o que for possível para a inciativa privada”, ou seja, vai privatizar tudo.
Eduardo Jorge – Partido Verde (PV)
O programa do PV se resumiu a uma homenagem ao Eduardo Campos e por fim chamou voto ao seu candidato, Eduardo Jorge.