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Candidato tucano diz que não há “constrangimento ético” em utilizar pista de pouso que está fechada à população
Por Marcelo Hailer
O candidato à presidência da República pelo PSDB, Aécio Neves (MG), abriu ontem (11) a série de entrevistas do Jornal Nacional (JN) com os presidenciáveis. Entre os vários pontos abordados, o que mais causou tensão foi a questão da construção do aeroporto de Claudio, no terreno que era de um tio-avô de Neves.
O apresentador do JN, William Bonner, abordou a questão explicando sobre a desapropriação do terreno e perguntou a Aécio Neves se ele considera “republicano construir um aeroporto que poderia ser visto como um benefício para a sua família, no mínimo, por valorizar as terras dela”.
O candidato agradeceu a pergunta e afirmou que o seu governo “foi republicano” e “absolutamente transparente” e disse, antes de explicar a questão do aeroporto, que Minas “tem a melhor educação do Brasil”, o que vai de encontro à posição dos professores da rede pública do estado mineiro. Depois, falou do asfaltamento de “todas as cidades”, do programa ProAero que “ligou um total de 92 aeroportos” em Minas e declarou que “se teve algum prejudicado” foi o seu tio-avô, que recebeu 1 milhão pelo terreno e hoje pede 9 milhões na Justiça e a “população daquela localidade [Claudio] sabe da importância desse aeródromo”.
Posteriormente, Bonner questionou se o candidato “tinha algum constrangimento ético pelo fato de ter utilizado” a pista quando visitou a sua família na fazenda, no que Aécio Neves respondeu que “não”, de que não tinha constrangimento ético por ter utilizado a pista de pouso, que segue fechada para utilização pública. O candidato ainda tentou justificar com o argumento de que a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) demora com a homologação, tese que foi rejeitada pelo entrevistador.
Aliás, as outras duas teses do candidato Aécio Neves também são refutáveis, inclusive pelos moradores da cidade de Cláudio. A reportagem da revista Fórum esteve na cidade mineira e conversou com moradores locais que questionaram a funcionalidade do tal aeródromo. A população como um todo considera que o dinheiro investido (15 milhões de reais) foi um desperdício frente a tantas carências emergenciais que a cidade ainda possui e não foram supridas.
Outro argumento que e utilizado para justificar a construção do aeroporto de Claudio é que serviria para impulsionar o comércio local. No entanto, trata-se de outra tese que vai por água abaixo por questões geográficas, visto que a cidade vizinha, Divinópolis, fica a uma distância de 32 quilômetros, possui uma população de 226 mil habitantes, um parque industrial desenvolvido e um aeroporto que fica aberto à população.
Para se ter uma ideia do quão inexplicável é a história do aeroporto de Claudio, basta usarmos o exemplo do Aeroporto de Confins, que fica a uma distância de 42 quilômetros de Belo Horizonte e possui uma capacidade para receber 11 milhões de pessoas por ano, segundo dados da Anac. Ou seja, toda a história em torno do aeroporto de Claudio envolve muitas perguntas, desconfianças e nenhuma resposta por parte do então governador de Minas Gerais, Aécio Neves.
Foto: Vinicius Gomes