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Ativistas discutiram a importância da participação jovem nos espaços de poder e como a democratização dos meios de comunicação é fundamental para desconstruir estereótipos caricatos
Por Marcelo Hailer
Dois temas marcaram o segundo dia de debates do V Congresso da ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais): a democratização das mídias e o empoderamento da juventude no movimento LGBT. O evento, que acontece na cidade de Niterói e que termina amanhã (25), ainda discutiu estratégias de ativismo nas redes sociais.
Douglas Moreira, do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, comentou a respeito da legislação sobre a comunicação no Brasil e de como ela se encontra “defasada”, pois, como pontuou Moreira, a sua redação data da ditadura. O ativista também comentou o fato de como os dispositivos que proíbem mídia cruzada e de políticos receberem concessões, é descumprido e que a Lei deve ser cobrada.
A questão do Estado Laico também foi lembrada por Moreira, pois, como as concessões de televisão e rádio seguem os ditames da Constituição, ela não poderiam “promover religiões”. Outro fato que foi discutido foi a sublocação das concessões, que também não são permitidas pela lei e que tal prática favorece, principalmente, as igrejas evangélicas, principais sublocadoras de concessões públicas.
Posteriormente, o ativista do Intervozes tratou da regulamentação dos meios de comunicação e apresentou a campanha “Para Expressar a Liberdade”, que visa colher 1,3 milhão de assinaturas para o Projeto de Lei de inciativa popular que visa regulamentar os meios de comunicação. Moreira explicou que, diferentemente do que é propagado pela imprensa clássica, a proposta não visa “censurar os canais”, mas o contrário, “tornar a mídia e o conteúdo mais democrático e plural”.
Ainda de acordo com o ativista, a democratização dos meios de comunicação é essencial para os movimentos sociais, pois, permitiria a produção de conteúdo não estereotipados e uma outra visão de sociedade que não seja calcada apenas na heterossexualidade.
Jovens no poder
Na parte da tarde a questão da juventude foi o centro do debate. Alessandro Melchior, presidente do Conselho Nacional da Juventude (Conjuve) e atual gestor da Coordenação de Políticas LGBT da Prefeitura de São Paulo, falou da importância dos jovens LGBT ocuparem os espaços de poder.
“Não adianta apenas se eleger conselheiro, o nosso trabalho é fazer com que a nossa pauta, a LGBT, se faça presente na agenda de políticas públicas pra juventude”, disse Melchior, que também lembrou de como foi importante a articulação da juventude LGBT em torno do Estatuto da Juventude, que em sua redação trata da orientação sexual e identidade de gênero.
Vinicius Alves, da secretaria de Juventude da ABGLT e membro do KIU!, declarou que o “encontro nacional da juventude foi fundamental” para a organização dos jovens e que foi importante pra levar novas pautas e reoxigenar a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT). “Nós trouxemos novas pautas e formas de organização e conseguimos mais espaço na executiva”, comemorou ativista.
Membro do grupo Lambda – Brasil, Denilson Pimenta disse que a organização atual dos jovens tem sido importante para pautar a questão de gênero e de orientação sexual no espaço educacional. “O jovem hoje não consegue ter autonomia do seu corpo dentro da escola, por isso é importante cada vez mais estarmos organizados”, comentou o ativista.
O artista plástico e membro do coletivo "ACONTECE!", Fabrício Gastaldi, convocou os presentes a serem mais ousados na luta política. “Acho que podemos usar a arte como forma de subversão, nós temos que ser mais subversivos e utilizar os nossos corpos para subverter a ordem na qual nos encontramos”, finalizou.