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Senador Aloysio Nunes e secretário da Casa Civil de Alckmin, Edson Aparecido, são acusados pelo ex-diretor da Siemens de receberem propinas do cartel dos trens; bancada petista na Alesp pede afastamento de três secretários do governo do estado
Por Igor Carvalho
[caption id="attachment_36629" align="alignleft" width="300"] Edson Aparecido (Marcelo Camargo/ABr)[/caption]
As denúncias do ex-diretor da Siemens, Everton Rheinheimer, reveladas nesta quinta-feira (21), envolvem três importantes figuras do PSDB: o secretário da Casa Civil do governo Geraldo Alckmin, deputado licenciado Edson Aparecido, o senador Aloysio Nunes Ferreira e o secretário estadual José Aníbal (Energia).
Eles teriam estreita ligação com Arthur Teixeira, diretor-presidente da Procint, que seria a intermediária das propinas. Os políticos teriam recebido propinas pagas por empresas que formavam o cartel em São Paulo para fraudar, com apoio do governo, as licitações para obras e manutenção de equipamentos do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
Outros dois secretários de Alckmin foram apontados por Rheinheimer como envolvidos no esquema de corrupção: Jurandir Fernandes (Transportes Metropolitanos) e Rodrigo Garcia (Desenvolvimento Econômico), este do DEM, homem forte de Gilberto Kassab. O irmão de Rodrigo, Marco Aurélio Garcia, é ligado à máfia dos auditores fiscais que operava nas gestões Serra-Kassab, denunciada pela gestão de Fernando Haddad (PT).
Segundo o ex-diretor da Siemens, o secretário adjunto de Jurandir Fernandes, entre 2001 e 2005, teria confirmado o pagamento de propinas. O já falecido Ricardo Ota constatou, na fábrica da Siemens em Viena, que a empresa pagava aos lobistas Arthur e Sérgio Teixeira 8% do valor dos contratos.
Diante das denúncias, o líder da bacada petista na Assembleia Legislativa, deputado estadual Luiz Claudio Marcolino, pede o afastamento dos três secretários do governo Alckmin, "para que possam ser apuradas, sem qualquer constrangimento, as denúncias de que participaram do esquema de corrupção do governo do PSDB – casos Alstom e Siemens". A bancada requer ainda a suspensão da execução dos contratos firmados com as empresas Alstom e Siemens com o governo do Estado até que todas as denúncias sejam apuradas.
Nunes e Aparecido tiveram ligações em outros casos de corrupção
O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) já esteve envolvido, em 2010, em outro escândalo de corrupção, que denunciava o "homem-bomba" do PSDB, o engenheiro Paulo Vieira de Souza, também conhecido como Paulo Preto. Nunes era amigo pessoal “há mais de 20 anos” de Paulo Preto, ex-presidente da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A.). A cúpula tucana teria reportado ao engenheiro a missão de arrecadar, com empreiteiros, verba para o caixa 2 das eleições de 2010. Porém, Paulo Preto teria desaparecido com o dinheiro.
Já Edson Aparecido é um dos quadros mais importantes do PSDB paulista e também já esteve envolvido em outros escândalos de corrupção. O atual secretário da Casa Civil do governo de Geraldo Alckmin é um dos fundadores do PSDB. Foi coordenador das campanhas de Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra, os três governos em que o chamado propinoduto tucano teria atuado em São Paulo, segundo o ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer.
Em 2002, durante sua primeira campanha para deputado federal, Aparecido teria recebido R$ 103 mil da Visanet, através de uma empresa chamada Takano Editora Gráfica Ltda, que faliu um mês após Roberto Jefferson conceder a entrevista delatando o suposto esquema que veio a ser conhecido como “mensalão”, e que tinha na Visanet um dos atores principais.
Em 2007, foi eleito vice-presidente nacional do PSDB. No começo de 2012, chegou a ser cotado para vice de José Serra nas eleições para a prefeitura de São Paulo. Porém, foi preterido por Alexandre Schneider, do PSD de Gilberto Kassab.
Em abril de 2013, Edson Aparecido foi flagrado como um dos atores de outro escândalo de corrupção. A Operação Fratelli, da Polícia Federal, revelou que o tucano mantinha contato com Olívio Scamatti, dono de uma empreiteira que fraudava licitações no interior de São Paulo. Escutas telefônicas da Polícia Federal mostraram conversas entre Aparecido e o empreiteiro, em 2010.
Segundo a investigação, as fraudes ocorreram em 78 prefeituras do interior paulista. Nas eleições de 2006, Scamatti fez doações que somam R$ 96,1 mil à campanha de Edson Aparecido para deputado federal.
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