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Até sexta-feira, Supremo se pronuncia sobre os 40 indiciados pelo Ministério Público. Delúbio Soares, José Dirceu, João Paulo Cunha e José Genoíno (todos do PT) estão entre os acusados
Por Luciana Vasconcelos
O Supremo Tribunal Federal se prepara para julgar o mensalão. Começa nesta quarta-feira, 22, a análise da denúncia do procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, enviada em março do ano passado, de que havia uma organização criminosa de 40 pessoas especializada em desviar dinheiro público e comprar apoio político. O Supremo reservou inicialmente três dias, mas o prazo pode ser estendido se não for possível concluir o julgamento.
As sessões terão início às 10 horas, com intervalo para almoço. O relator do inquérito, ministro Joaquim Barbosa, começará o processo com a leitura de seu relatório de aproximadamente 50 páginas, um resumo do processo. Em seguida, o procurador-geral apresentará seus argumentos. Na terceira etapa, será a vez dos advogados de defesa. Na quarta e quinta etapas, os ministros começarão a decidir seus votos. Vão analisar os argumentos da defesa e ouvir as cerca de 400 páginas do voto do relator.
O tribunal deverá decidir se aceita ou não a denúncia enviada pelo procurador-geral. Os ministros vão analisar a consistência das acusações e dizer se o processo deve ou não continuar. Ninguém será condenado ou absolvido. Caso a denúncia seja acolhida, por inteiro ou em parte, os denunciados passarão a responder como réus em ação penal.
O cientista político Juliano Corbellini afirmou, em entrevista à Rádio Nacional, que o julgamento final não deve acontecer rapidamente. “De maneira fria e realista, acho que o processo no Judiciário será longo. Creio também que tem de ser assim”.
Segundo ele, a Justiça deve julgar calmamente. “O país fez seu julgamento político e teve um processo eleitoral onde pôde se pronunciar pela continuidade do próprio governo. Passada a crise política detonada pelo mensalão, o julgamento, a avaliação jurídica das denúncias, das provas e da sua consistência, tem de ser feita com calma. Porque se todo processo for avaliado pelo Judiciário de maneira açodada, pressionada pela opinião pública e pelo sistema político, a possibilidade de cometer injustiças se torna muito grande”.
Veja a lista dos 40 acusados e as denúncias contra eles:
1. Anderson Adauto, ex-ministro dos Transportes – corrupção ativa e lavagem de dinheiro
2. Anita Leocádia, ex-assessora do deputado federal Paulo Rocha (PT-PA) - lavagem de dinheiro
3. Antônio Lamas, irmão de Jacinto Lamas (ex-tesoureiro do PL, hoje PR) - formação de quadrilha e lavagem de dinheiro
4. Ayanna Tenório, ex-vice-presidente do Banco Rural - formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e gestão fraudulenta
5. Bispo Rodrigues, ex-deputado federal pelo PL – corrupção passiva e lavagem de dinheiro
6. Breno Fischerg, sócio na corretora Bonus-Banval - formação de quadrilha e lavagem de dinheiro
7. Carlos Alberto Quaglia, dono da empresa Natimar - formação de quadrilha e lavagem de dinheiro
8. Cristiano Paz, sócio de Marcos Valério – corrupção ativa, peculato, evasão de divisas e lavagem de dinheiro
9. Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT – formação de quadrilha, corrupção ativa e peculato
10. Duda Mendonça, publicitário - evasão de divisas e lavagem de dinheiro
11. Emerson Palmieri, ex-tesoureiro informal do PTB – corrupção passiva e lavagem de dinheiro
12. Enivaldo Quadrado, dono da corretora Bonus-Banval – formação de quadrilha e lavagem de dinheiro
13. Geiza Dias, auxiliar de direção da agência SMPB, de Marcos Valério – formação de quadrilha, corrupção ativa, evasão de divisas e lavagem de dinheiro
14. Henrique Pizzolato, ex-diretor de marketing do Banco do Brasil – peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro
15. Jacinto Lamas, ex-tesoureiro do PL (hoje PR) - formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro
16. João Cláudio Genu, ex-assessor da liderança do PP - formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro
17. João Magno, ex-deputado federal pelo PT- lavagem de dinheiro
18. João Paulo Cunha, deputado federal (PT-SP) – corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato
19. José Borba, ex-deputado federal e ex-líder do PMDB – corrupção passiva e lavagem de dinheiro
20. José Dirceu, ex-ministro-chefe da Casa Civil – formação de quadrilha, corrupção ativa e peculato (seria o chefe da “quadrilha”)
21. José Genoíno, deputado federal (PT-SP) - formação de quadrilha, corrupção ativa e peculato
22. José Janene, primeiro-tesoureiro do PP - formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro
23. José Luiz Alves, ex-chefe de gabinete de Anderson Adauto no Ministério dos Transportes – lavagem de dinheiro
24. José Roberto Salgado, vice-presidente do Banco Rural - formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e gestão fraudulenta
25. Kátia Rabello, dona do Banco Rural - formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e gestão fraudulenta
26. Luiz Gushiken, ex-ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República - peculato
27. Marcos Valério, publicitário – formação de quadrilha, falsidade ideológica, corrupção ativa, peculato, evasão de divisas e lavagem de dinheiro (seria o operador do esquema)
28. Paulo Rocha, deputado federal (PT-PA) - lavagem de dinheiro
29. Pedro Corrêa, ex-deputado federal pelo PP - formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro
30. Pedro Henry, deputado federal (PP-MT) - formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro
31. Professor Luizinho, ex-líder do governo na Câmara - lavagem de dinheiro
32. Ramon Hollerbach, sócio de Marcos Valério – formação de quadrilha, corrupção ativa, peculato, evasão de divisas e lavagem de dinheiro
33. Roberto Jefferson, ex-deputado federal e presidente do PTB – corrupção passiva e lavagem de dinheiro (foi quem denunciou o esquema)
34. Rogério Tolentino, sócio de Marcos Valério – formação de quadrilha, corrupção ativa, peculato, evasão de divisas e lavagem de dinheiro
35. Romeu Queiroz, ex-deputado federal pelo PTB – corrupção passiva e lavagem de dinheiro
36. Sílvio Pereira, ex-secretário-geral do PT – formação de quadrilha, corrupção ativa e peculato
37. Simone Vasconcelos, ex-diretora da SMPB – formação de quadrilha, corrupção ativa, evasão de divisas e lavagem de dinheiro (seria a principal operadora do esquema dirigido por Marcos Valério)
38. Valdemar Costa Neto, deputado federal (PR-SP) - formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro
39. Vinícius Samarane, diretor do Banco Rural - formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e gestão fraudulenta
40. Zilmar Fernandes, sócia de Duda Mendonça - evasão de divisas e lavagem de dinheiro
Agência Brasil