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Vazamento de informações à imprensa é apontada como parte da guerra para saber qual seguradora arca com os prejuízos
Por Daniel Merli, de Brasília
Na edição desta semana da revista Veja, a matéria de capa apresenta revelações da caixa-preta sobre o acidente com da aeronave da TAM no dia 17 de julho. Baseando-se em dados supostamente inéditos, o texto aponta como principal causa do acidente a posição errada do manete.
Foto: Antônio Cruz/Abr
O instrumento, usado para direcionar a aeronave, deve ser mantido em posição intermediária durante o pouso, quando o reverso estiver desligado. Reverso é o aparelho, acoplado à turbina, que ajuda na redução de velocidade durante o pouso.
Para alguns dos integrantes da Comissão Parlmanetar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo, o vazamento das informações para a revista semanal faz parte de uma disputa entre a fabricante da aeronave, Airbus, a companhia, TAM e a Infraero. Veja teria feito o jogo da Airbus, segundo um deputado tucano da CPI cuja declaração foi colhida em off.
A teoria do parlamenter é que responsabilidade maior pelo acidente significa arcar com as indenizações pelas vítimas e estragos ocorridos. Nessa disputa, além da perícia e da análise de técnicos, conta muito lobby e pressão, incluindo meios de comunicação para ajudar a mover a opinião pública a apontar culpados.
Para evitar o uso dos vazamentos é que ganhou força, na CPI, a idéia de tornar público o conteúdo das gravações. As investigações completas, porém, que levam em conta outros fatores além dos dados da caixa-preta, tem previsão de 10 meses de duração.
Se a informação divulgada por Veja estiver correta, a falha humana, do piloto, teria sido o principal fator do acidente – embora uma pista maior ou a existência de área de escape pudesse tê-lo evitado – a responsabilidade maior seria da TAM, mas também da Infraero. Em caso de falha humana, o desgaste para o governo federal poderia ser reduzido no caso.
A Aeronáutica divulgou nota criticando a reportagem da revista semanal por apresentar "conclusões precipitadas" sobre o caso. O presidente da Infraero, José Carlos Pereira, refutou a hipótese da pista 500 metros mais longa. Para Pereira, seriam necessários pelo menos 800 metros a mais, que só seriam suficientes se o piloto tivesse detectado uma eventual falha humana a tempo.
Na quarta-feira, 25, a Folha de S.Paulo noticiou um comunicado da Airbus a respeito da posição dos manetes do modelo A320 em caso de reversores travados, o que poderia ampliar a responsabilidade da fabricante. Porém, a mesma aeronave havia pousado em outras duas ocasiões no aeroporto de Congonhas.
Em meio à disputa de interesses políticos e econômicos, os parentes das vítimas e a sociedade permanecem sem respostas.