ENTREVISTA

A extrema direita e as bigtechs operam uma contrarrevolução

Pesquisador aborda como ferramentas de influenciação e controle psicopolítico desenvolvidas pelas bigtechs do Vale do Silício permitiram a criação de um ambiente, um ecossistema digital que é apropriado pela extrema direita

Elon Musk, dono do X, faz gesto nazista em evento da posse de Donald Trump nos EUA.Créditos: Reuters/Folhapress
Escrito en OPINIÃO el

Em entrevista, o professor Lucio Massafferri, psicólogo, doutor e mestre em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), detalha como as grandes empresas de tecnologia potenciaram ferramentas digitais informatizadas para modos de arregimentação, manipulação e controle em favor de movimentos político-partidários da nova extrema direita. 

Confira: 

Como se dá a instrumentalização política das novas tecnologias da informação pela extrema-direita?

Considero a instrumentalização política e geopolítica das novas tecnologias como uma arma, potencializada na ascensão da extrema direita, que eu chamo de “nova” extrema direita, que tem em seu DNA as ideias e as ações dos grandes CEOs do Vale do Silício, dos pensadores, dos líderes das grandes bigtechs estrangeiras, a maioria estadunidense.

Lá atrás, na aurora dessas mídias, eles conceberam um tipo de mundo diferente, muito afeito às tecnologias relacionadas às redes sociais e plataformas digitais informatizadas que foram projetadas no contexto da sociedade na qual operam, que é o contexto de um novo tipo de controle, que chamamos de Psicopolítica. Assim, para ganhar dinheiro, para capitalizar, as bigtechs têm como objetivo primordial transformar a comunicação em rede (em massa) em capital, dinamizando o engajamento.

Isso é construído através da coleta de dados, dos traços, inclinações e informações, que muitas vezes são passadas de forma espontânea pelas pessoas, situação essa motivada pelo afã de se auto iluminar, transparecendo as próprias vidas gratuitamente e de certo modo compulsivamente. Esses dados captados pelas bigtechs se transformam em massa de informação, uma perfilização individualizada passível de ser agrupada e classificada em minúcias, sob a forma de capital. 

Esses CEOs forjaram um ecossistema a partir da criação de um banco de dados gigante, situação que acaba dificultando a criação de uma regulação por leis. Criaram uma forma, um modus operandi de produção, de poder, de engajar e capturar os instantes, o tempo e a atenção das pessoas. 

Podemos dizer que é um ecossistema projetado para influenciar, polarizar dividindo, manipular e, principalmente, controlar. Opera-se com dois lados supostamente opostos, uma dicotomia de falsa luta que faz com que as pessoas gastem as suas energias emocionais. Sob certos aspectos, o que na filosofia chamamos de falso problema é o que compõe a oposição que faz a nova extrema-direita aparecer como fato novo. Se há o novo, ele surge na esteira dessa grande revolução tecnológica, no campo da comunicação, que é a internet. Creio que a maior, desde a invenção da escrita. De algumas décadas para cá, o volume, a intensidade, a velocidade e o alcance das linguagens sobre as mentes foram muito amplificados.

Existe uma cronologia e forma de como isso começou? 

Data exata, não há. Mas, podemos observar que isso começa com o surgimento dos primeiros dispositivos de engajamento nas mídias sociais, como foi o caso, por exemplo, da criação do feed de notícias pelo Facebook, em 2006. Isso começou há quase 20 anos, sendo esse o primeiro fenômeno de engajamento que se viu no contexto de uma plataforma de rede social, ali está o DNA da coisa. Se mapearmos a partir de uma investigação cuidadosa, com leitura diacrônica, poderemos observar que a extrema direita, hoje, que usa e abusa dessa cultura memética, ironizando, destronando, derrubando, atacando, perseguindo, debochando, faz disso um método para fazer política ao mesmo tempo em que acaba com ela, do modo como se concebeu fazer política nos “tempos analógicos”. Aqui, aponto o fenômeno de aglutinamento virtual proporcionado com o advento da plataforma de imageboard 4chan, em 2003 (sugiro que assistam o documentário “A Rede Antissocial”, que estava até há pouco disponível na Netflix).

Ou seja, turbinada nesse universo relacional e comunicacional da virtualidade é a chamada extrema-direita que ao longo dos anos vai se aproveitar dos recursos das bigtechs, construindo com elas, consolidando núcleos de seguidores; com objetivos políticos e geopolíticos. Olhemos hoje para os Estados Unidos da América, novamente com o Trump no poder, desafiando com suas ideias e ações. Não entendo que os CEO’s das grandes bigtechs se aproveitam de Trump para se alinhar ao poder, mas, sim, pelo contrário, creio que Trump e outros é que se encaixaram nessa atual sociedade de controle psicopolítico, na qual o poder se encontra nas mãos de quem domina e manipula a comunicação, os dados, as informações, as armas de influenciar e fabricar consentimento e consenso, usando um arsenal de linguagens.

Cito, por exemplo, o livro de Max Fisher, “Máquina do Caos”, em que é abordada a intenção dos grandes CEOS do Vale do Silício em derrubar o poder tradicional, o tal status quo, criando uma espécie de “contracultura”. Essa é uma coisa que pode parecer meio louca para alguns, mas não é. Esses sujeitos se basearam nos hippies e na contracultura dos anos 1960, 

Só que revolucionários criadores de microchip, transistores, computadores, mídias, mexendo com linguagens de mídias, plataformas, redes sociais, que na verdade, no fundo, a partir de um olhar crítico, é uma ferramenta com potencial antissocial, uma vez que afasta as pessoas, umas das outras pessoas. É um movimento que cindiu pessoas em núcleos, bolhas, câmaras de eco, e que, nas ideias, nos objetivos, vai se encontrar muitas vezes na rede sob a forma de enxame, visando derrubar o status quo, o poder tradicional que era dominante antes. Esse movimento não é uma revolução como se projetava, até hoje, de baixo para cima, de mudança de uma maioria que clama por algo melhor para si, para os seus, para o mundo, mas ele tem o sentido de “acabar com isso aí” de cima para baixo, mesmo. A ideia central é de que se vai fazer o bem. Uma espécie de mantra, que contagia, sim (quem no fundo iria contra fazer o bem, declaradamente?)

O que antes era feito por jornais, rádios, TVs, mediadores não é mais feito. Nós agora temos um universo em que não se tem mais mediação, em que todos acessam a rede, se comunicam, falando direto com os seus líderes, sendo ouvidos. E esses líderes criam espaços também sem mediação, com núcleos de comunicação direcionada. O Trump é um exemplo disso, querendo criar até uma TV própria. 

Aqui no Brasil, o Bolsonaro o imitou de uma maneira tupiniquim, lá com um cercadinho no Palácio da Alvorada, em Brasília, quando fazia, enquanto presidente, as suas transmissões nas mídias sociais. Houve até um bunker dele com a bandeira do Brasil atrás, compondo o cenário, como se fosse uma grande torcida organizada. Até bebendo leite, gestualmente ele apareceu, imitando supremacistas brancos dos EUA. Isso se faz usando o poder da semiótica, da memética para manter o poder. É o jugo de um encantamento fabricado sobre seguidores, com ideias radicais extremistas.

A internet um dia foi uma utopia para um mundo melhor?

Então, esse fenômeno vai refletir algumas contradições. Vou começar pelo projeto tecnológico do Vale do Silício. No início, como exemplo, cito a Microsoft, lembrando qual era o slogan da empresa em meados dos anos 1980: “Onde você deseja ir, e o que você quer hoje?”, sempre abordando a questão do desejo da liberdade, o que o filósofo Byung-Chun Han trata com propriedade em suas pesquisas. Esse momento era quando as novas tecnologias eram apresentadas como uma ferramenta de democratização, em que todos poderiam ser livres. Na prática isso não se efetivou, como na promessa do slogan. O que se efetivou foi o loteamento desse espaço, uma espécie de El Dorado que ficou nas mãos de poucos poderosos que estavam, lá atrás, mais bem equipados para transitar nesse terreno.

O fato é que a realidade atual do algoritmo reforça a desigualdade, o racismo, sendo excludente. Hoje não há uma democratização da rede, o que se propaga é que a maioria das pessoas não dispõe das mesmas condições de conexão, considerando esse como um falso problema, pois a maioria das pessoas não têm um letramento mínimo, no que toca às tecnologias digitais informatizadas. Imagine a imagem de um mar imenso em que, ao invés de haver um preparo no qual se ensinasse pessoas a nadar, essas são lançadas ali “nadando de cachorrinho”. Afundam? Nem sempre, mas seguramente se fica à mercê de tudo que está nesse espaço. Um caso emblemático dessa imagem que forço um pouco, aqui, para aproximar as dificuldades, foi o caso da entrada do Facebook em Mianmar (2013/14), um desastre com consequências de grave conflagração civil.

Além disso, não há acesso para um jovem da periferia programar, conhecer essas linguagens para se tornar forte, ser empoderado, hábil neste campo. O que faça, também, poder existir oferta de trabalho e desenvolvimento profissional. Isso faz parte das contradições que apontei. E, creia, há muitas outras.

Eu cito uma autora que aborda e faz essa crítica que faço, a advogada guatemalteca Renata Avila Pinto, defensora do Julian Assange, o criador do Wikileaks que ficou preso por vários anos, sendo perseguido pelo poder global. A Renata é uma ativista e pesquisadora que foca suas ideias no debate entre Soberania Digital e Colonialismo Digital. Para ela essa discussão deve ir bem mais além da questão da conectividade. Renata aponta que, muito mais do que fazer aplicativos de código aberto, é necessário e importante tratarmos da questão de promover o debate sobre o acesso cultural, redescobrir uma internet da criação, com horizonte de uma espaço verdadeiramente livre, inclusivo. Desse modo, só haverá uma igualdade, uma democratização do uso da rede com o uso aberto do acesso cultural.

Isso é totalmente oposto às ideias e ações promovidas por pensadores da extrema-direita, assim como os chefões das bigtechs; em sua esmagadora maioria: homens brancos “bem-nascidos”, que transitam com facilidade no mundo da tecnologia da matemática, oriundos do MIT, que dominam e ditam as regras da nova ordem mundial, sendo essa mais uma lacuna do projeto de “liberdade”, tão preconizado no surgimento da era das novas tecnologias digitais informatizadas. 

Mas volto na questão da instrumentalização das novas tecnologias pela extrema direita, na prática como isso funciona de fato?

O fato é que a instrumentalização política das novas ferramentas de comunicação digital é um fenômeno complexo e multifacetado. Essa instrumentalização se dá pelos atores políticos, governos, partidos e grupos dos mais diversos interesses que usam esses instrumentos digitais de informação para transformar em poder opiniões, traços e escolhas. Ou seja, usam o poder de influência e consequente manipulação de opiniões, aplicando um controle também sobre os comportamentos.

Evidentemente quando você tem isso sobre as mentes, há uma influência nas decisões individuais e coletivas, em qualquer escala. Eu percebo dessa maneira, e  com isso tudo já estamos falando no terreno da Psicopolítica. 

Todas essas plataformas foram e são criadas visando essa coleta de informações para perfilizar as pessoas, quantificando e qualificando elas. É claro que essas plataformas escolhem as inclinações, o conteúdo consumido por essas pessoas. A consultoria Cambridge Analytica não é única que fez isso, podemos usar exemplo também da sua matriz, que é a Strategic Communication Laboratories, a SCL Groups, empresas supostamente extintas que usaram esse poder de manipulação, usando dados como instrumento de guerra de informação para influenciar decisivamente em eleições. O pessoal que se assusta com Trump voltando à presidência em 2025, exercendo o poder eleito nas eleições de 2024, está com a memória fraca. Ele se elegeu em 2016 com o apoio do Facebook, dos CEOs das bigtechs. O alinhamento deles com a extrema direita não é uma surpresa, pois isso vem acontecendo há anos.Não é surpresa que pessoas como Elon Musk, Zuckerberg, Jeff Bezos e outros chefões das bigtechs tenham estado com destaque na posse do segundo mandato do Trump.  O que estamos observando agora é uma outra etapa dessa parceria com a nova extrema-direita, 

A mente da nova extrema direita é formada no rastro da cultura do 4Chan, Reddit, Breitbart entre outras plataformas.  Eu acredito que isso não está sendo colocado em debate como deveria, e as pessoas acabam deixando passar a oportunidade de aprofundar essa via reflexiva da questão.

Eu tenho a sensação de que na realidade tanto Trump como Bolsonaro estão pegando uma “carona” no foguete do Elon Musk, é isso mesmo?

O Trump está numa segunda etapa, ele é o boneco, canastrão, o bilionário quase ou supostamente falido que se encaixa no projeto desses poderosos. Esse mundo projetado é o mundo do Zuckerberg, Musk, Bezos e de outros, não é o do Trump. O mundo do Trump é de um manejador de falências, ele está pegando carona no carro da Tesla, digo usando uma figura de linguagem.

Outro instrumento utilizado de forma cotidiana é a criação do ambiente de desinformação, das fake news. Nesse contexto você agrupa o boato e a mentira, pensando no impacto nas mentes. É o recorte maldoso que é feito e espalhado em rede, já contando que ele já é particionado, projetado em câmaras de eco (bolhas). Se olharmos a velocidade e a capacidade viral das redes, vamos notar que são predicados que facilitam espalhar informações falsas, manipuladas para atingir perfis agrupados, seja individualmente ou coletivamente. A Cambridge Analytica fazia isso, mediante pagamento, o target ou micro target, quando é perfilizado por pessoa. A partir disso vemos a desestabilização de adversários, ataques feitos, como lá atrás em 2016, foi feito na campanha do Trump contra a então candidata do Partido Democrata, Hilary Clinton. 

Aqui no Brasil foi pior, basta lembrar o que aconteceu com a então presidenta da República, Dilma Rousseff, e de certa forma com o Lula. Com ele foi um processo de alijamento de um líder político que representava uma ameaça aos interesses de poderosos. Isso aconteceu com ambos, Dilma e Lula, a partir de 2014.

Outro instrumental que é usado em guerras híbridas é o lawfare, seja através de um alijamento físico, inclusive, como colocar Lula na prisão, ou de promover uma campanha orquestrada, como foi contra a Dilma no impeachment que contou até com espionagem na Petrobrás. E, isso só funciona na esteira de grandes operações psicológicas de mídia, que construam na mente da opinião pública o consentimento e o consenso. O alvo de propagandas não gosta de saber que é mero consumidor, manipulado, de ideias. Então, quando se fala em operação psicológica se fala em estratégia específica, de uso das linguagens, mescladas ou não, e direcionamento para alvos bem especificados.

Por isso que cito os ambientes de desinformação que são criados em processos eleitorais. Além da minha pesquisa, eu desenvolvo vídeos explicativos como faço no canal que tenho no Youtube, “Portal Fio do Tempo”, na série “Arquitetura do Caos, 1, 2 e 3” (que aborda o que creio ter sido um golpe cujas ações começam a ser visíveis em 2013).

Essas bigtechs se tornaram o centro do poder geopolítico?

Outro aspecto, que vamos chamar de geopolítica de tecnologia da informação digital, é que essas grandes bigtechs têm suas respectivas sedes nos EUA, um país que ainda possui um poder que é totalmente desproporcional sobre o fluxo de informações e dados que temos pelo mundo. Isso vai fazer com que essas empresas da Alphabet, que agrega YouTube, Google, Gmail ou a Meta, que é a do Zuckerberg, composta pelo Facebook, que depois agregou o Instagram e o WhatsApp, fiquem no centro de disputas geopolíticas também. 

Na tecnologia, isso vai se refletir em questões que observamos atualmente. Disputas como foi a tentativa de bloqueio de plataforma como aconteceu com o Tik Tok que é chinês, nos EUA.  Outro dia eu vi uma imagem que uma amiga me mandou da filha tentando mandar uma mensagem no WhatsApp, de um país para o outro e teve um bloqueio limitando o número de mensagens enviadas. Assim como há restrições ao Google na China. Esses são um dos exemplos que já existem dentro desse universo das bigtechs, em que há os argumentos da defesa da soberania e uso dessas ferramentas para vigilância em massa. Os EUA fazem isso há tempos, como expôs o Edward Snowden. E isso, bem antes que alguém falasse da China e sobre as preocupações com o Tik Tok. 

Aí eu volto e insisto: ao ver a imagem da posse do segundo mandato do Donald Trump, não deveria haver surpresa para ninguém. Essas cabeças pensantes do vale Silício projetaram o mundo de uma maneira que lembra alguns roteiros de ficção científica, de grandes diretores de cinema. Alguns desses grandes cineastas que são, também, filósofos contemporâneos que se expressam por esse tipo de mídia. 

Para quem não parou para pensar nisso, alguns desses grandes cineastas vão desenhar mentalmente um mundo em que toda a interação social, a relação das pessoas, os controles sociais, tudo de certo modo é mediado por algoritmos, Inteligência artificial, sendo isso operacionalizado em uma velocidade impensável. Revejam Matrix, observando cada detalhe das falas de Neo e Morpheus. Por exemplo: o modo como as inteligências artificiais se alimentam do humano, da sua mente.

O que é a Sociedade Psicopolítica em realidade?

É a psicopolítica que vai explorar a emoção, o comportamento e o clima, em um ambiente de jogo, de game. A Sociedade de Controle Psicopolitico não é afeita à concepções que separam corpo e mente. Todo esse contexto forma artefatos forjados nos diferentes tipos de linguagem. São instrumentos que atingem as psiques com um poder de impacto e alcance ainda não visto. . 

Um ambiente em que o poder não vai ser exercido como víamos no século passado, até então já num declínio, sendo somente pela coerção. E, atenção, ainda se exerce esse tipo de poder, coercitivo. 

Ainda estamos de certo modo no “olho do furacão” dos problemas que falamos. Isso acontece porque, por falta de distanciamento necessário, o conhecimento ainda não foi produzido suficientemente para lidar com determinadas situações. Cito o caso das proibições dos celulares nas escolas, algo que a sociedade não debateu o suficiente e não se ouviu um campo especializado que ainda está conhecendo com profundidade o problema. Pouco se fala ou discute a SFI (Síndrome de Fadiga da Informação). Então, na proibição somente, que seguramente vai fracassar porque já está fracassando, se reproduz uma política similar a da guerra às drogas. Sabemos que a estrutura e a dinâmica de aparelhos como o smartphone viciam pessoas, devido à hiperconectividade e facilidades para se manejar gatilhos de compulsão (à repetição, especificamente, pois se materializa nos loopings intermináveis de vídeos oferecidos por receitas algorítmicas). Isso torna pessoas, jovens dependentes. E há processos nos EUA contra as bigtechs, por causa desse problema. Com alunos aqui no Brasil vai ocorrer abstinência, em graus distintos, seguramente. Entendendo que isso precisa ser mais bem investigado por especialistas e estudiosos das áreas da ciência computacional e da psicologia, além de educadores. 

Na atual Era da Psicopolítica, que é a nossa, o poder não é exercido somente pela coerção, mas, sobretudo, é exercido através da possibilidade da influenciação, e consequentemente, da manipulação das mentes. Há uma dificuldade de termos uma conversa sobre o alinhamento entre a psicologia e cibernética, e de que forma esse aparato de produção pode ser usado para manipular e controlar as pessoas.

Isso não existia desse modo. Existia a guerra psicológica, mas não desse modo atual. Vivemos uma Era em que se aplicam Guerras Híbridas.

 Eu vou ser bem marxista, não sendo propriamente um marxista: a reprodução psíquica da inteligência de movimentos de objetos que a gente cria, objetos reais, vai reproduzir e construir a teoria, vai gerar um olhar de um modo de cima. Então, essas teorias não estão sozinhas, isoladas.

Quando se faz uma reflexão sobre Psicopolítica é necessário observar as práticas, fazendo um mapeamento, uma tomografia de algo mais profundo, uma tomografia desse real, desse mundo que é habitado por essas linguagens que nos habitam. Pela forma como as pessoas transitam, como é que elas se relacionam e de como estão se manifestando e vivendo nesse mundo. 

*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum

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