OPINIÃO

Uma data importante para a democracia – Por Chico Alencar

A partir de agora, começa no STF a Ação Penal que decidirá o destino dos réus. Terão amplo direito de defesa, claro

Créditos: Gustavo Moreno/STF
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O dia 26 de março tornou-se uma data que será para sempre lembrada. Pela primeira vez na história desse país, um ex-presidente será julgado por tramar um golpe de Estado. Junto com ele, sete comparsas golpistas responderão à Justiça pelos mesmos motivos – alguns deles militares de alta patente.

A partir de agora, começa no STF a Ação Penal que decidirá o destino dos réus. Terão amplo direito de defesa, claro.

Além do capitão que não aceitava a derrota, há, nesse "núcleo crucial" que foi tornado réu, generais que queriam "virar a mesa"; almirante que navegava no mar turvo do naufrágio da democracia; policial federal que usou a Abin para espionar ilegalmente adversários políticos; ex-ministro que colocou a PRF para fazer bloqueios no dia das eleições, em regiões onde Lula tinha boa votação; e um então ajudante de ordens (participante e testemunha de tudo) que ajudou na articulação de toda a trama neofascista para dar um golpe de Estado.

Cada fato da conspiração para manter Bolsonaro no poder será examinado no detalhe: reuniões (inclusive com chefes militares), campanha sistemática contra as urnas eletrônicas, documentos, planos, minutas e áudios, "neutralização" de adversários, estímulo aos acampamentos que pediam "intervenção militar", tentativa de explosão no aeroporto JK e atentados a torres de transmissão, preparação e efetivação do 8 de janeiro.

As provas são robustas e os crimes, gravíssimos.

Fizeram por merecer: conspiraram e agiram, nos palácios e nos quartéis, para Bolsonaro e sua súcia permanecerem no poder. Derrotados nas urnas, estimularam, apoiando os acampamentos que clamavam por intervenção militar, a depredação e saque aos prédios da Praça dos Três Poderes.

A expectativa é de que todo o processo de julgamento no STF termine antes do fim do ano. Caso sejam condenados, serão presos. Suas prisões terão para a sociedade o efeito demonstrativo de que a democracia é valor insubstituível.

Quando as sentenças forem proferidas, em data ainda a ser conhecida, esse período, que ora se inicia, passará a ser lembrado como marco histórico definitivo na história da democracia brasileira.

**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.

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