A ONU, por meio da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e de relatórios como o da UNESCO e do Fórum Econômico Mundial, aponta que os empregos do futuro estão fortemente ligados à digitalização, sustentabilidade e inclusão social.
Os empregos do futuro exigirão habilidades digitais, pensamento crítico, adaptação e compromisso com sustentabilidade e inclusão. Para que mulheres tenham maior presença nesses setores, especialmente em tecnologia, é essencial investir em políticas de capacitação e incentivo desde cedo.
A participação das mulheres na área de Tecnologia da Informação (TI) tem diminuído ao longo dos anos, refletindo desafios estruturais que vão além do setor bancário. Esse fenômeno é preocupante, pois a tecnologia desempenha um papel cada vez mais central no mercado de trabalho e no desenvolvimento econômico.
No setor bancário, essa redução se torna ainda mais significativa quando analisamos a crescente digitalização dos serviços financeiros. Com o fechamento de agências e a migração para plataformas digitais, as oportunidades de emprego tradicionais para mulheres têm diminuído, enquanto as áreas ligadas à TI – dominadas majoritariamente por homens – ganham maior relevância.
A queda na presença feminina em TI pode ser explicada por uma série de fatores, incluindo barreiras culturais, falta de incentivo para que meninas ingressem em carreiras tecnológicas, ambientes de trabalho pouco inclusivos e preconceito. O fato de que, em 2012, as mulheres representavam 31,9% das ocupações em TI e, em 2022, esse número caiu para 25,2%, evidenciando um retrocesso que precisa ser enfrentado.
Na Campanha Nacional Unificada 2024, reivindicamos a promoção e a contratação de mulheres na área de TI, mas os bancos recuaram e não atenderam. Em uma negociação exaustiva, saímos com o compromisso de ter cursos para formar mulheres na área de tecnologia. E incluímos duas cláusulas na CCT (Convenção Coletiva de Trabalho) sobre concessão de bolsas de estudo em duas dimensões: 3.000 bolsas para quatro turmas, até 2026, sendo que as primeiras turmas, que contemplarão mil bolsas, começam em março - para o público de mulheres, com prioridade para aquelas em situação de vulnerabilidade socioeconômica e inclusivas para mulheres trans, negras e PCDs (pessoas com deficiência). E 100 bolsas com duração de 20 semanas, para o público que se identificar como mulher e ter 18 anos ou mais, ensino médio completo, ter grande interesse em tecnologia. As inscrições podem ser feitas pelo site dos bancários.
Garantir que mulheres tenham acesso a oportunidades em TI não é apenas uma questão de justiça social, mas também de inovação e competitividade. Diversidade gera melhores soluções e amplia a capacidade de resposta às transformações tecnológicas, beneficiando a sociedade como um todo.
**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.