“Se hoje estamos aqui para renovar nossa fé no diálogo entre os opostos, na harmonia entre os Três Poderes e no cumprimento da Constituição, é porque a democracia venceu. Estamos aqui porque é preciso lembrar. Para que ninguém esqueça. Para que nunca mais aconteça". Esse foi o discurso do presidente Lula no dia 8 de janeiro. A data marcou os dois anos das invasões às sedes do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal.
Dois anos depois das invasões, o Brasil demonstra esforço em apurar responsabilidades e fortalecer mecanismos de prevenção a atos antidemocráticos. Não podemos permitir que a democracia se torne refém de ideologias antidemocráticas, como o fascismo e o discurso de ódio.
Relembrar os ataques passa a ser um momento de reflexão coletiva, reafirmando a importância do respeito às regras democráticas. “Sem anistia” passa a ser uma declaração de que o Estado e a sociedade não vão tolerar retrocessos, reforçando a confiança no sistema democrático.
A expressão “sem anistia” tem sido cada vez mais repetida justamente por tocar numa ferida histórica do Brasil: a impunidade em casos de graves violações. Em outras palavras, significa dizer que não se pode esquecer ou relativizar atos que coloquem em risco a democracia — e que os responsáveis precisam, sim, ser investigados e punidos.
É preciso romper com a cultura da impunidade. Essa citação pode ser muito útil para discutir o legado histórico do racismo e da opressão, especialmente no Brasil. O país tem um histórico de grandes episódios de violência política (da ditadura militar até episódios recentes) que muitas vezes acabam sem responsabilização adequada.
A falta de punição cria um ambiente propício para que grupos extremistas se sintam encorajados a repetir atos violentos. Cada vez que episódios antidemocráticos são tratados com rigor, cresce a percepção de que a democracia é sólida e não aceita exceções ou concessões que fragilizem seu funcionamento.
“Recuperar a memória” não é só rememorar o passado, mas compreender plenamente o que aconteceu, quem participou e quais foram as motivações. Esse resgate é fundamental para evitar que os mesmos erros se repitam e para construir uma narrativa que valorize a democracia.
Precisamos exigir justiça também para os mortos do assentamento Olga Benário em Tremembé e aos fascistas que depredaram o PT de Diadema. Atos de violência não podem ser normalizados, tem que ser reprimido e severamente punidos.
Exigir justiça é uma forma de reparar esses danos e reafirmar o compromisso com a verdade.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum