kamala harris foi um puxão de orelha no biden, desses puxões de orelha que deixa minino na ponta do pé.
mas não nos enganemos, cara, ela é mais do mesmo.
kamala, quem tiver ouvidos pra ouvir que ouça, é um tiro de raspão na orelha da turma da representatividade a qualquer custo.
um peteleco.
nós, pessoas negras, deveríamos sentir vergonha de ver um irmão, ou uma irmã de cor, representando o mesmo papel dos nossos inimigos.
é preciso descolonizar o ser, é uma patologia ontológica essa de porra de querer estar no mesmo lugar do outro, ao invés de lutar para reconstruir esses lugares.
obama, você bem o sabe, foi o cabra que mais matou a morenada árabe.
o sacana matava sorrindo.
barack representou fielmente, enquanto presidiu o esteites, o estereótipo do bicho da cara preta, do gato preto...
a coisa ficou preta com obama, meu camarada.
enquanto desfilava com seu charme e seu gingado, ele condenava à morte o líder do país mais próspero da áfrica.
obama fez kadaffi ser devorado vivo no meio da rua.
hoje, a líbia, que era linda, é uma sucursal do inferno.
obama é o preto que comandou os esteites como qualquer branco sempre o fez.
inclusive, com obama, os negros seguiram lotando as cadeias estadunidenses.
agora vejo esse bisonho entusiasmo por kamala harris.
ah, que delícia, uma mulher negra presidindo a nação mais poderosa do mundo.
e eu te pergunto: você acha isso bonito?
kamala harris, quando foi procuradora da califórnia, meteu preto e preta no xilindró, sem dó.
e ainda utilizou-se de chicanas cínicas para livrar policiais racistas e assassinos.
e harris é, tampe o nariz, mais uma adepta do lobby sionista.
em 2017 ela já defendia que os palestinos, todos e todas, mereciam o mesmo destino de kadaffi.
ela é do mesmo agrupamento do casal clinton.
kamala ajudou o exterminador do futuro a implementar um programa de encarceramento em massa de pessoas negras e latinas e apoiou a deportação dos (in)imigrantes.
intervencionista até os ossos, faz lobby pro complexo industrial militar e apoia o genocídio na palestina.
kamala pode ser menos ruim para as relações entre brasil e estados unidos?
com certeza, mas isso é a única coisa que importa nessa história estranha.
o resto é fuleiragem.
ver uma pessoa negra fazer o mesmo trabalho sujo dos brancos não deveria deixar ninguém feliz, a não ser os brancos!
o jornal hoje, quando era apresentado por uma linda mulher negra, era o mesmo jornal de ontem.
se você não enxergou isso, não sei o que você enxerga quando vê o que vê na tevê.
no passado escolheram um homem preto pra jogar bomba na cabeça de mulheres, idosos e crianças árabes.
agora escolherão uma mulher negra pra fazer o mesmo trabalho sujo mundo afora.
no futuro, escolherão um anão trans pra fazer o mesmo trampo.
enquanto representatividade for a coisa mais importante...
quero dizer, enquanto estar representado nos mesmos lugares que os brancos construíram pra eles, pensando e agindo como um branco, a gente só vai estar confirmando a máxima do grande exú da martinica.
fanon cravou em peles negras que, no fundo, "o negro quer ser branco."
é uma patologia social engendrada pela colonialidade do ser, é um trauma ontológico que precisa ser curado.
sim, algumas coisas precisam ser ditas.
e alguém tem que fazê-lo.
palavra da salvação.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum