Os principais jornais do país estamparam a notícia nas primeiras páginas. A extrema pobreza e a pobreza estão nos menores níveis desde 2012, conforme apontou o IBGE em sua Síntese de Indicadores Sociais, divulgada na quarta, dia 04 de dezembro.
Entre 2022 e 2023, o país tirou 8,7 milhões de pessoas da pobreza e 3,1 da miséria, graças ao Bolsa Família e à criação de mais postos de trabalho.
O PIB está crescendo, o desemprego diminuiu, as contas externas estão equilibradas, agências de classificação de risco melhoram o grau de investimento do Brasil.
A desigualdade social, no entanto, anda mais devagar. Ela continua alta e coloca o Brasil entre os países mais desiguais do mundo.
Sabemos que deputados e senadores representam interesses de classes. No Congresso Nacional prevalecem os do grande capital – financeiro, rural, industrial, imobiliário, "digital" (big techs).
Por isso, frente às medidas anunciadas pelo ministro Haddad, e atentos à grita do sinistro "Sr. Mercado Faria Lima", os presidentes da Câmara e do Senado e a maioria dos deputados federais querem urgência apenas para uma parte do pacote, exatamente a que incide sobre os mais pobres: a que limita o aumento do salário-mínimo, mexe no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e no Bolsa Família e até no Proagro. Um aperto sobre os desassistidos, contrariando o programa que Lula defendeu na campanha (e nós apoiamos).
Isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$5 mil (promessa de campanha de Lula) e taxação dos ricos que recebem mais de R$50 mil/mês – que Haddad também anunciou – não terão qualquer urgência, ficarão pras calendas.
Ainda assim, 90% dos grandes agentes do mercado financeiro desaprovam o governo Lula. Explica-se: querem ganhos próprios, pouco se importam com justiça social. Ganância é seu mote, vivem de especular, de ganhar dinheiro sobre dinheiro, na chamada ciranda financeira.
O que deveria ser urgente neste país era cortar a chantagem especulativa com o dólar – cadê o BC do Sr. Roberto Campos Neto, que não se mexe? –; os ataques a direitos e à insensibilidade social da grande finança; as renúncias fiscais para setores que sugam recursos sem gerar benefícios para a população; os continuados privilégios dos de cima, que não renunciam a um pequeno naco em prol da maioria.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.