ANÁLISE

Macron indica novo primeiro-ministro e abraça extrema direita – Por Vinicius Sartorato

O presidente da França, tentando fugir da instabilidade parlamentar, indicou François Bayrou, do partido Movimento Democrático (MODEM)

Emmanuel Macron.O presidente francês fala à populaçãoCréditos: Reprodução de Vídeo/YouTube
Escrito en OPINIÃO el

Após impeachment prematuro do seu primeiro-ministro recém-indicado, estimulado por votos da esquerda e da extrema direita, o presidente francês, Emmanuel Macron, do partido Renascimento (RE), indicou um novo primeiro-ministro nesta sexta-feira (13).

François Bayrou, do partido Movimento Democrático (MODEM), foi o nome escolhido para assumir o cargo de novo chefe de governo francês. Tido como o nome mais consensual entre os partidos, ele é visto como a esperança de estabilidade institucional do país, que vive uma instabilidade política desde a última eleição parlamentar (6/2022).

Na oportunidade, no início do seu segundo mandato como presidente, Macron, que havia vencido Marine Le Pen, do partido Encontro Nacional (RN), surpreendentemente dissolveu o Parlamento confiante de ganhar maioria absoluta da Casa. Porém, o “tiro saiu pela culatra”.

Na eleição parlamentar, a coalizão de partidos centristas liderados por Macron, Ensemble (Juntos), teve um desempenho desastroso, perdendo 101 deputados. Apesar disso, o bloco se manteve com 245 parlamentares na Casa baixa, ainda como primeira força política.

No entanto, viu a coalizão de partidos de esquerda e centro-esquerda, Nova União Popular Ecológica e Social (NUPES), liderada por Jean-Luc Melenchon (França Insubmissa), se tornar a segunda força política do país, com 131 deputados (+74); e viu, também, a extrema direita do Encontro Nacional, de Marine Le Pen, conquistar o terceiro posto, com 89 deputados (+82). Fato inédito na política francesa que, até então, não havia visto a extrema direita com um tamanho significativo desde a 2ª Guerra Mundial.

O fato é que Macron enfrenta uma instabilidade constante em seu segundo mandato. François Bayrou, de centro-direita, é o quarto primeiro-ministro indicado durante o novo período de comando do presidente francês. Seu antecessor, Michel Barnier, do partido Os Republicanos (LR), bateu o recorde negativo de apenas dois meses e meio no poder, após sofrer um impeachment no parlamento.

Candidato a presidente da República em 2002, 2007 e 2012, o ex-ministro da Educação, entre 1993-1997, durante o governo “conservador gaullista” de Jacques Chirac, terá um enorme desafio para se manter no posto.

Jordan Bardella, atual presidente do partido Encontro Nacional (RN), de Marine Le Pen, ao lado dos partidos de direita e centro-direita, declararam apoio ao próximo primeiro-ministro. Por sua vez, os partidos de centro-esquerda e esquerda, condenaram a decisão de Macron, uma vez que consideram que seria mais democrática a formação de um governo de centro à esquerda, de acordo com o resultado das eleições de junho de 2022.

Por fim, a Lei Orçamentária que derrubou o último primeiro-ministro deve ser aprovada com “a nova costura” feita por Macron. Na prática, a França caminha um pouco mais à direita no dia de hoje.

*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.

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