COMENTÁRIOS E FRASES

Eleição é como menstruação... – Por Mouzar Benedito

Prefeitos no mínimo incompetentes na preparação da cidade para encarar os efeitos das chuvas, por exemplo, foram reeleitos galhardamente

Créditos: Rovena Rosa/Agência Brasil
Escrito en OPINIÃO el

Epa! Ói eu arrumando encrenca com gente do meu lado, que exige que só fale certas coisas quem tem o tal de “lugar de fala”. Não tenho, nunca menstruei.

O título acima faz parte de uma frase que eu disse logo depois da ditadura: “Eleição é como menstruação: quando vem, enche o saco, mas quando não vem é pior”. Sim. “A grande festa da democracia”, como uns otimistas chamam as eleições, pode ser incômoda e ter resultados que não gostamos, mas é melhor do que a ausência delas. Ditadura, jamais!

As de 2024 foram decepcionantes para quem achava que o povo “saberia escolher”, não toparia ser enganado – no caso de São Paulo – por um prefeito medíocre e que não fez nada durante três anos, acumulando dinheiro para inaugurar obras (nem sempre boas) a toque de caixa em ano eleitoral. Vã ilusão. E não é só aqui. Prefeitos no mínimo incompetentes na preparação da cidade para encarar os efeitos das chuvas, por exemplo, foram reeleitos galhardamente.

Eleitores enganados? A esquerda costuma acreditar nisso. Eu (que sou de esquerda também) não acredito. Acho que boa parte da população é sem-vergonha mesmo, gosta de quem lhe ferra. E há muitas outras coisas que têm sido discutidas, como o uso competente da desinformação pela direita, a falta de quadros da esquerda envelhecida e sem jovens (reunião do PT, por exemplo, alguns comparam a evento da terceira idade) e até cobrança de que a esquerda mude suas propostas, caminhe para o centro, ou seja, deixe de ser esquerda. Bom... Vemos o governo petista rompendo posições históricas, preparando a privatização de rodovias, portos e aeroportos, acho que essa ideia já está presente. E, sinceramente, se for pra isso, vale a pena votar? Claro, tem outros fatores que nos levam a, de saco cheio e sem tesão, ir votar contra a direita truculenta que temos: o ódio dela a tudo que preste. Educação, cultura, ciência, meio ambiente, bom convívio entre diferentes etc. etc. e muitos etc.

Enfim, chega de comentários chovendo no molhado. Resolvi publicar aqui frases que tenho anotado há muito tempo e algumas que coletei agora. São muitas, mas eram muito mais, tive que escolher.

George Elliot: “Uma eleição está chegando. A paz universal é declarada e as raposas têm um desejo sincero de prolongar a vida das aves”.

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Clint Eastwood: “Ganhar a eleição é uma coisa boa e má notícia. Ok, agora você é prefeito. A má notícia é que agora você é o prefeito”.

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Orson Welles: “A popularidade não deveria ser uma escala para a eleição de políticos. Se dependesse de popularidade, o Pato Donald e os Muppets ocupariam assentos no senado”.

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Deng Xiaoping: “Os Estados Unidos gabam-se do seu sistema político, mas o presidente diz uma coisa durante as eleições, outra coisa quando toma posse, outra coisa no meio do mandato e outra coisa quando sai”.

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Imelda Marcos: “Ganhando ou perdendo, vamos às compras depois das eleições”.

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Herbert Marcuse: “A livre eleição dos senhores não abole os senhores ou os escravos”.

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Mahatma Gandhi: “Se há um idiota no poder é porque aqueles que o escolheram são bem representados”.

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Millôr Fernandes: “Candidate-se. Por mais idiota que você seja, sempre haverá um número suficiente de idiotas maiores do que você para acreditar que você não o é”.

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Winston Churchill: “A diferença entre os seres humanos e os animais é que os animais nunca topariam ser liderados pelo mais idiota do grupo”.

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Churchill, de novo: “A diferença entre um estadista e um demagogo é que este decide pensando nas próximas eleições, enquanto aquele decide pensando nas próximas gerações”.

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James Freeman Clarke: “Um político pensa na próxima eleição; um estadista, na próxima geração”.

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Tom Stoppard: “Não são as eleições que fazem uma democracia. É a apuração”.

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Tom Stoppard, de novo: “Votei em todas as eleições – nem sempre no mesmo partido e nunca com qualquer grau de entusiasmo”.

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Otto von Bismarck: “Nunca se mente tanto como antes das eleições, durante uma guerra e depois de uma caçada”.

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Gore Vidal: “As palavras são usadas para disfarçar, e não para iluminar. São para confundir, para que em época de eleições as pessoas votem solenemente contra seus próprios interesses”.

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Gore Vidal, de novo: “Metade dos americanos nunca leu um jornal. Metade nunca votou para presidente. Espera-se que seja a mesma metade”.

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George W. Bush: “Terei prazer em responder ou evitar suas perguntas, dependendo do que eu acho que mais ajudará em nossa eleição”.

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Michael Moore: “Vivemos numa época em que temos resultados eleitorais fictícios que elegem um presidente fictício. Vivemos numa época em que temos um homem que nos manda para a guerra por motivos fictícios”.

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Gael García Bernal: “Fomos ensinados que democracia é ter eleições. E não é. As eleições são o aspecto mais horrendo da democracia. É o aspecto mundano, trivial, decepcionante e sujo”.

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Pauly Shore: “Gosto de política – sou interessado nas eleições e em como as pessoas ficam irritadas”.

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Indira Gandhi: “Ganhar ou perder as eleições é menos importante do que fortalecer o país”.

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Carlos Drummond de Andrade: “Uma eleição é feita para corrigir o erro da eleição anterior, mesmo que o agrave”.

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Lyndon Johnson: “Estou fazendo uma coleção das coisas que os meus adversários descobriram que eu era e, quando terminarem estas eleições, vou abrir um museu para exibi-las”.

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Eduardo Galeano: “A liberdade das eleições permite que você escolha o molho com o qual será devorado”.

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Leonel Brizola: “Se os evangélicos entrarem na política, o Brasil irá par o fundo do poço. O país retrocederá vergonhosamente e matarão em nome de Deus”.

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Brizola, de novo: “Estou pensando em criar um vergonhódromo para políticos sem-vergonha, que ao verem a chance de chegar ao poder esquecem os compromissos com o povo”.

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Brizola, mais uma vez: “A política ama a traição e odeia o traidor”.

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Noam Chomsky: “As eleições são executadas pelas mesmas indústrias que vendem pasta de dentes e televisão”.

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Orson Scott Card: “Se os porcos pudessem votar, o homem com o balde de comida seria eleito sempre, não importa quantos porcos ele já tenha abatido no recinto”.

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Immanuel Kant: “Se o homem faz de si mesmo um verme, ele não deve ser queixar quando é pisado”.

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Joaquim Manuel de Macedo: “Em tempo de eleições suspendem-se as garantias da honra e da probidade”.

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Benjamin Netanyahu: “Sempre perco as eleições nas urnas e sempre ganho no dia das eleições”.

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H. L. Mencken: “Cada eleição é um leilão de bens roubados”.

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Faustão: “Tomara que vocês votem tão bem nas próximas eleições como sabem votar no BBB”.

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Dilma Rousseff: “É só fazer um raciocínio: temos eleições a cada dois anos no Brasil. Tudo o que o governo fizer é campanha eleitoral”.

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João Ubaldo Ribeiro: “Vêm aí as eleições, hora de escolher democraticamente o seu ladrão”.

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Eu: “Eleições são muito importantes: por meio delas escolhemos quem vai nos ferrar a vida nos próximos anos”.

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Lima Barreto: “As nossas eleições e lutas políticas são verdadeiros combates”.

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Lima Barreto, de novo: “Qualquer modalidade de hipocrisia política, de que se revista o provimento deste ou daquele cargo de eleição, é melhor do que o assassinato e a violência”.

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José de Alencar: “A eleição é presentemente um motivo de corrupção para o povo e ensejo de revoltantes escândalos”.

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Jean-Jacques Rousseau: “Os ingleses pensam que são livres. Eles são livres apenas durante a eleição dos membros do parlamento”.

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Tsai Ing-wen: “A democracia não é apenas uma eleição, é a nossa vida cotidiana”.

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Machado de Assis: “O grande mal das eleições não é o pau, nem talvez a pena, é a abstenção, que dá resultados muitas vezes ridículos”.

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Machado, de novo: “Eleitor não é gato de sete fôlegos”.

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Machado, mais uma vez: “Não será difícil achar semelhança entre eleição e uma mágica; avultam em ambas as visualidades e tramoias”.

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Euclides da Cunha: “Os grandes conquistadores de urnas transformam a fantasia do sufrágio universal na clava de Hércules da nossa dignidade”.

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Joaquim Nabuco: “Não é só no número dos eleitos, é na qualidade deles que se pode estabelecer bem a diferença dos resultados obtidos”.

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Bastos Tigre: “Ao eleitor que inda acredita / em fantasias de eleição, / o patriotismo lhe palpita / no coração”.

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José Saramago: “Por um voto em branco, você está dizendo que você tem uma consciência política, mas você não concorda com qualquer um dos partidos existentes”.

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Marquês de Maricá: “A vitória de uma facção política é ordinariamente o princípio da sua decadência pelos abusos que a acompanham”.

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Ulysses Guimarães: “Toda a história política tem sido a luta do homem para realizar, na terra, o grande ideal de igualdade e fraternidade”.

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Ulysses Guimarães, de novo: “Não roubar, não deixar roubar, pôr na cadeia quem roube, eis o primeiro mandamento da moral pública”.

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Jorge Luis Borges: “A democracia é um erro estatístico, porque na democracia decide a maioria, e a maioria é formada de imbecis”.

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Barão de Itararé (lema na campanha como candidato a vereador pelo PCB, no Rio de Janeiro, numa época em que faltava água e falava-se que misturavam água no leite): “Mais água e mais leite, mas menos água no leite”.

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Barão de Itararé, de novo: “O feio na eleição é se perder”.

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Barão, mais uma vez: “O voto deve ser rigorosamente secreto. Só assim, afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato”.

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Eu: “Nem só o peido é prenúncio de uma cagada. Eleição também pode ser”.

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Nikita Kruschev: “Os políticos são os mesmos em todos os lugares. Eles prometem construir pontes onde não há rios”.

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Ditado popular: “Tempo de eleição, mentira como o cão”.

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Belém Gopegui: “Não pode ser que tenhamos que escolher entre o ruim e o menos ruim”.

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Bussunda: “Este ano tem eleição. Os candidatos farão boas piadas para a gente”.

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Marco Rubio: “A liderança não pode ser medida em uma pesquisa ou mesmo no resultado de uma eleição. Só pode ser verdadeiramente vista com o benefício do tempo. Da perspectiva de 20 anos, não de 20 dias”.

*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum.