FÁBIO SANTOS

Bárbara Carine: uma intelectual diferentona

Muitas vezes, a sociedade não está preparada para aceitar uma personalidade que une inteligência e ousadia, pois existe a percepção de que tais características não podem coexistir. No entanto, Bárbara desafia esse estereótipo

Bárbara Carine.Créditos: Acervo pessoal
Escrito en OPINIÃO el

A expressão popular "Baiano não nasce, baiano estreia" talvez encontre sua representação mais emblemática na figura corajosa, inteligente e ousada da professora doutora Bárbara Carine, conhecida como uma intelectual diferentona. Muitas vezes, a sociedade não está preparada para aceitar uma personalidade que une inteligência e ousadia, pois existe a percepção de que tais características não podem coexistir. No entanto, Bárbara desafia esse estereótipo, emergindo como uma baiana que estreia a cada aparição, seja expressando-se verbalmente, dançando ou refletindo.

Com um currículo notável, a intelectual diferentona faz palestras pelo Brasil e atua como professora na IQ/UFBA, sendo também a idealizadora da escola Maria Felipa, a primeira escola afro-brasileira do país. Sua presença nas redes sociais, onde conta com mais de 418 mil seguidores, destaca-se por críticas profundas ao contexto social contemporâneo. Além disso, ela foi escritora finalista do prêmio Jabuti 2021/2022, além de escrever o best-seller "Como ser um educador antirracista".

A preocupação de Bárbara não se limita apenas à pauta social, mas estende-se a um dos pilares fundamentais da sociedade: a educação. Em seu best-seller, ela aborda como a educação e a escola podem ser repensadas a partir de perspectivas não ocidentalizadas e racializadas. Longe de ser um manual com fórmulas prontas, Bárbara explora conceitos como pacto da branquitude, racismo estrutural, cotas raciais e educação emancipatória, visando repensar as ações pedagógicas e a formação dos educadores.

Após orientar educadores com "Como ser um educador antirracista", Bárbara lançou recentemente o livro "Querido Estudante Negro". Esta obra proporciona um mergulho na complexidade da formação das subjetividades negras por meio de espaços educacionais formais. Com uma narrativa fictícia baseada em experiências reais de discriminação racial vividas pela própria autora, o livro propõe o acesso às verdadeiras memórias ancestrais africanas como meio de reconexão com uma subjetividade potente, superando as noções impostas de rebaixamento existencial.

Bárbara Carine emerge como um exemplo inspirador, desempenhando um papel significativo na sociedade. "Como ser um educador antirracista" não deveria ser apenas leitura obrigatória para educadores, mas também "Querido Estudante Negro" para todos os jovens negros, oferecendo uma visão profunda e transformadora sobre a identidade e o potencial de superação diante das adversidades impostas pela discriminação racial. A contribuição de Bárbara transcende as páginas de seus livros, impactando positivamente a educação e a conscientização social.

*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum