OPINIÃO

Messias no STF, Dino na PGR – Por Felipe Pena

Se os ventos não mudarem, essa “surpresa” pode ser anunciada por Lula ainda nesta semana, já que Lula antecipou sua volta da ONU

Jornalista Felipe Pena, colunista da Fórum.Créditos: Arquivo pessoal
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Não, eu não me enganei. O nome que alguns conselheiros do presidente estão defendendo para assumir a procuradoria-geral da república no lugar de Augusto Aras é o de Nicolao Dino, irmão do atual ministro da justiça. Lula não demonstrou entusiasmo pelos atuais favoritos à vaga. Nem Paulo Gonet, apoiado pelos ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, nem Antonio Carlos Bigonha, apoiado pelo PT. Nenhum deles conseguiu convencer o presidente. Daí a volta das especulações em torno de Nicolao, que já esteve na lista tríplice da PGR nos anos de 2017 e 2021 e, portanto, tem o apoio da classe.

Por motivos óbvios, se Nicolao Dino for realmente indicado para a procuradoria-geral da república, seu irmão, Flávio, dificilmente seria o escolhido para o Supremo Tribunal Federal. E, neste caso, o favorito voltaria a ser Jorge Messias, atual advogado-geral da União. Messias é o preferido de boa parte do PT, contempla setores ligados às igrejas evangélicas e ainda carrega a simbologia de ter estado no cerne de uma das maiores violências do ex-juiz Sergio Moro, a gravação ilegal do diálogo entre a então presidenta Dilma e Lula, que seria nomeado ministro da Casa Civil para tentar impedir o golpe de 2016.

Nicolao Dino tem 60 anos, é subprocurador-geral da República e pertence a um grupo político diametralmente oposto ao de Augusto Aras. Aliás, em 2020, ele protagonizou uma ríspida discussão com o atual procurador durante reunião do Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF), que foi encerrada de forma abrupta após o acirramento do debate. Na época, Nicolao reafirmou sua posição contrária a Aras, o que é mais um fator que o credencia para a indicação.

Se os ventos não mudarem, essa “surpresa” pode ser anunciada por Lula ainda nesta semana, já que ele antecipou sua volta da ONU. De qualquer forma, os nomes serão anunciados separadamente. A indicação para o STF só acontecerá em outubro.

**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.