Na recente entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, na qual o governador do Estado de Minas Gerais atacou o povo nordestino e nortista, ele chegou a dizer que “... estados do Sul e Sudeste têm mais trabalhadores do que dependentes de auxílio”. Ao dizer isso, Romeu Zema se comportou como porta-voz da elite mais atrasada do país. Uma elite que parece não ter se enraizado no Brasil - por ter demonstrado ser desprovida de espírito federativo, democrático e humanista - a viver de olhos voltados para além do Atlântico, do hemisfério Norte e não querer ver, por perto, os indesejáveis.
O sentimento xenófobo, separatista, de discriminação, ódio e exclusão, manifestados pelo governador mineiro, tem não só nosso repúdio, mas de todas as brasileiras e brasileiros empenhados na reconstrução do país, na consolidação da democracia, da República Federativa do Brasil. Romeu Zema feriu nosso orgulho de pertencimento, nosso espírito federativo, nossa união na rica diversidade cultural, regional, brasileira.
Referindo-se com desdém aos estados nordestinos, Romeu Zema disse que “... o Brasil funciona como um produtor rural que dá tratamento bom para as vaquinhas que produzem pouco e deixa de lado as que estão produzindo muito”. O artigo 19 da Constituição Federal é claro: proíbe qualquer cidadão de ‘criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si’.
O governador Romeu Zema não levou em consideração o fato de que uma imensa parte do PIB do Sul e do Sudeste, principalmente de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, foi e continua sendo construído com o trabalho de nordestinos e nortistas.
O governador Romeu Zema disse que o bloco Sul-Sudeste, formado por sete governadores, estariam em desvantagem em votações na Câmara. Ao dizer isso, ele despreza o pacto federativo, a integração de 249 municípios do Estado de Minas Gerais, 31 municípios no Estado do Espírito Santo na Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – Sudene e a urgência da redução das desigualdades regionais e sociais. Não dá importância ao que disse o escritor Guimarães Rosa “Minas é muitas”. Ele ignora o Nordeste como a segunda maior população do Brasil, depois do Sudeste: 55,4 milhões de habitantes.
O Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste foi criado com a finalidade de promover o desenvolvimento sustentável e a cooperação interestadual solidária. Diferentemente do propósito do governador Romeo Zema, de defender privilégios e alimentar sentimentos separatistas.
Norte e Nordeste trabalham na reconstrução e na integração do país com o projeto de desenvolvimento sustentável, do governo Lula, para superação da pobreza e das desigualdades social e regional.
Mineiros como o escritor Guimarães Rosa e seu grande sertão, Tancredo Neves e a criação de consensos, Juscelino Kubitschek e a construção de Brasília para integração do Brasil, Henfil e Betinho e a erradicação da fome, Bárbara Heliodora e os direitos humanos, Milton Nascimento, Carlos Drumond de Andrade, Carolina de Jesus e tantas outras pessoa ilustres de Minas Gerais, com talentosos políticos, seus grandes artistas, intelectuais e escritores, seguramente se envergonhariam da xenofobia, da discriminação do governador Romeu Zema contra os nordestinos e nortistas.
Separatistas não passarão!
**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.