GARRA, RAZÃO E FRIEZA

Bolsonaro - ou Carluxo? - rompe com Moro, de novo, após aval a Dino no STF

Mais que os votos necessários para ocupar por 20 anos a cadeira no STF, Dino implodiu a aliança Lava Jato e ultradireita fascista no abraço em Moro, que agora se vê isolado e mais perto da cassação.

Flávio Dino e Moro na sabatina no Senado.Créditos: Foto: Pedro França/Agência Senado
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Na cortês sabatina à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Flávio Dino não conseguiu apenas convencer 47 senadores que lhe deram o aval para assumir, pelos próximos 20 anos, uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF).

Com garra, razão e frieza, Dino deixou a veste política dos "Vingadores" para enfrentar as provocações dos opositores. Demonstrou a fio seu conhecimento jurídico, em uma trajetória ímpar, e conquistou a vaga para a Liga na Justiça.

Dino ainda expôs, mais uma vez, o estelionato político do clã Bolsonaro, com Flávio revelando mais uma tentativa de nepotismo do pai em uma pretensa - e incrédula até mesmo para aliados - do desejo de indicá-lo à Suprema Corte, mesmo sem o notório saber jurídico e há léguas de uma moral ilibada.

De quebra, o ex-juiz, ex-parlamentar, ex-governador e, logo, ex-ministro da Justiça, ainda implodiu a antiga Lava Jato com um abraço em Sergio Moro e a sequente revelação da mensagem ao "Mestrão" pelo WhatsApp que revelou o voto do outrora todo-poderoso da República de Curitiba.

O provável aval de Moro a Dino ainda provocou frisson e fúria no clã Bolsonaro, que abrigou o ex-Lava Jato no Ministério da Justiça, antes de "fofocar" sobre a interferência de Jair na Polícia Federal e deixar o desgoverno.

Na manhã desta quinta-feira (14), uma publicação nos stories de Jair Bolsonaro no Instagram manda um recado ao ex-aliado, que se tornou inimigo ao deixar o governo, mas retornou aos braços do clã na tentativa desesperada de reverter a iminente derrota para Lula nas eleições de 2022, com a patética assessoria no debate na Globo.

No texto, que apareceu minutos depois no Twitter de Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), o clã anuncia o rompimento com Moro citando o mesmo termo usado pelo ex-presidente em 2020, quando classificou como "fofoca" a acusação de interferência na PF.

"O fofoqueiro jogou uma pá de cal em todo seu movimento que sempre procurou enganar o Brasil. O único objetivo de seu grupelho sempre foi ludibriar a nação para se colocarem como a 'direita permitida'", diz, em letras garrafais, o texto, que coloca Moro no rol dos neocomunistas que abandonaram os fascismo bolsonarista.

Em tom típico das publicações quase ininteligíveis de Carluxo, "Jair" ainda lança uma daquelas frases de efeito na horda bolsonarista, que finge entender as palavras do capitão.

"De genuíno nesses só há a necessidade de ser a próxima vítima de quem defendem no escurinho do cinema".

Com o abraço em Dino, Moro se distancia, mais uma vez, da trupe fascista que o levou ao mundo da política partidária. Isolado até mesmo pelo comparsa Deltan Dallagnol, Moro provavelmente, deu o passo final para a já quase certa cassação de seu mandato.

Moro já foi usado pela mídia liberal e pelo clã Bolsonaro. Agora será descartado e jogado na lata do lixo da História. Como diz Carluxo: "tem método".